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ORÇAMENTO FATIADO
Aumento de 3,58% nos repasses do Fundef foi estopim para setor pedir mais recursos; entidades esperavam
12%
Educação também pressiona por mais verba
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após a polêmica em torno do
Orçamento de 2004 provocada
pela aplicação de recursos na saúde, o governo Luiz Inácio Lula da
Silva enfrenta agora pressão para
ampliar o investimento em educação ainda neste ano.
Decreto publicado ontem no
"Diário Oficial" da União aumenta em apenas 3,58% o valor mínimo anual por aluno do Fundef
(Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério) em relação a janeiro, quando
o percentual de reajuste ficou em
6,69%. O reajuste concedido ontem é imediato. O de janeiro reajustou o valor que vinha sendo
pago no governo Fernando Henrique Cardoso em 2002.
Somando os dois aumentos, o
governo Lula terá aumentado em
10,52% o valor do Fundef. O mercado prevê 8,9% de inflação pelo
IPCA neste ano. Entidades e parlamentares reivindicavam aumento de pelo menos 12%.
O ministro Cristovam Buarque
(Educação) afirmou que o aumento foi ""realista" e ""possível",
segundo sua assessoria. Ele é um
defensor notório do Fundef, que
distribui recursos à educação fundamental segundo o número de
alunos por Estado e município
(veja quadro nesta página).
Em maio, o MEC já tinha enviado à equipe econômica proposta
prevendo verba da pasta para
conceder os 12%: o valor mínimo
anual poderia passar de R$ 446
para R$ 500, no caso de alunos de
1ª a 4ª série, e de R$ 468,30 para R$
525, de 5ª a 8ª. Com o reajuste de
ontem, os valores foram para R$
462 e R$ 485,10, respectivamente.
Meta
Mas, mesmo com os 12%, o governo Lula ainda não alcançaria
uma meta que o PT sempre defendeu na gestão FHC: cumprir o
artigo 6º da lei que criou o Fundef,
que determina que a União deve
complementar os recursos nos
Estados que pagam abaixo da média nacional.
Desde 1998, quando o Fundef
começou a vigorar, o valor mínimo é determinado por meio de
decreto presidencial, levando em
consideração recursos disponíveis da União.
"É ridículo esse aumento. Mostra que o governo não tem motivação para fazer da educação uma
prioridade", afirmou o deputado
Gastão Vieira (PMDB-MA), presidente da Comissão de Educação
da Câmara. Posição semelhante
adotou Marta Vanelli, da CNTE
(Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação). "Se a
União não mostrar que quer investir em educação, não terá credibilidade para negociar com Estados e municípios."
Para o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), o
índice frustra os Estados, que
queriam até 15% de aumento. Até
o PT reclamou. Ligado à ala radical do partido, o deputado Ivan
Valente (SP) disse que a equipe
econômica e a Casa Civil já vêm
sendo pressionadas para atender
às reivindicações do setor.
Para 2004, a situação não é diferente. A proposta orçamentária
que está no Congresso prevê que
os valores mínimos fiquem em
R$ 537,71 e R$ 564,60.
A União complementa a verba
de Estados que não conseguem
atingir o valor mínimo estabelecido. Neste ano, quatro Estados recebem a complementação. Antes
do aumento, eram R$ 335 milhões, agora, são R$ 437 milhões.
Se o governo estabelecesse o valor
de acordo com a interpretação do
artigo 6º da lei do Fundef, esse repasse seria feito para 15 Estados,
segundo Valente.
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