São Paulo, domingo, 22 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ

Valdebran contesta petista e afirma que mala tinha dinheiro

Empresário contradiz versão dada por Hamilton Lacerda, ex-coordenador da campanha de Aloizio Mercadante (PT)

Lacerda foi filmado pelo sistema do hotel com malas que a PF acredita terem sido usadas por ele para levar o R$ 1,75 milhão apreendido

DO ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Em seu depoimento à Polícia Federal no dia 3 deste mês, o ex-petista Valdebran Padilha negou que tivesse visto computador portátil ou boletos de contribuição de campanha com o emissário do PT na transação, Gedimar Passos, e disse que havia dinheiro na mala levada por Hamilton Lacerda ao hotel Ibis, em São Paulo, onde os recursos que seriam usados pelo PT para adquirir o dossiê contra tucanos foram apreendidos.
As três informações prestadas por Valdebran contradizem a versão de Lacerda, ex-coordenador da campanha do senador Aloizio Mercadante (PT) ao governo de São Paulo. Lacerda foi filmado pelo sistema interno de TV do hotel com malas que a PF crê terem sido usadas por ele para transportar o R$ 1,75 milhão apreendido com Valdebran e Gedimar. Lacerda disse que não havia dinheiro nas malas transportadas, mas sim boletos de contribuição da campanha em uma delas e um computador portátil na outra.
Valdebra, ao contrário, disse à Polícia Federal "que não viu, quando da apreensão do dinheiro pelos policiais federais, Gedimar com nenhum notebook; que em momento algum viu Gedimar com boletos de campanha política". Ao deter Gedimar e Valdebran no hotel, a PF também não encontrou nem computador nem boletos.

Passo a passo
Na primeira imagem do sistema interno de TV do hotel, às 8h51 do dia 13 de setembro, Lacerda e Gedimar entram no hotel. Lacerda carregava uma mala preta grande, a tiracolo. Os dois, então, são filmados no elevador. Meia hora depois, Lacerda deixa o hotel sem a mala.
Às 14h04, Gedimar e Valdebran vão para o restaurante do hotel, sendo que o primeiro carrega a mesma mala antes transportada por Lacerda pela manhã. A PF acredita que nessa mala estava a parcela em reais do dinheiro, R$ 1,168 milhão.
À 0h14 do dia 15, Lacerda volta ao hotel com duas sacolas e uma maleta. Mais uma vez, deixa o hotel sem nada nas mãos. A PF acredita que na segunda ida Lacerda levou a parcela em dólares (US$ 248,8 mil). O ex-assessor de Mercadante disse que transportava apenas roupas e um computador portátil.
No depoimento de Valdebran à PF consta que, "mostrada ao declarante duas fotos capturadas da imagem do circuito interno do hotel Íbis, registrada no dia 13/ 09/2006, às 14h04 e 14h46, em que o declarante aparece com Gedimar carregando uma bolsa, reconhece como sendo esta a que ele mostrou no dia anterior com o dinheiro dentro, dizendo que continha os R$ 2.000.000 (dois milhões de reais)".
Valdebran afirmou ainda à polícia "que aquela imagem registra quando foram almoçar no próprio hotel, e Gedimar levou a bolsa, pois não queria deixá-la no quarto; que no dia anterior, quando Gedimar mostrou o dinheiro, não disse quanto havia lá, mas deixou a entender que teria os R$ 2.000.000 (dois milhões de reais)."
(LEONARDO SOUZA, HUDSON CORRÊA E FÁBIO VICTOR)

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