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ELEIÇÕES 2006 / CÂMARA
Bancada de Enéas só aprovou uma lei
Em quatro anos, apenas um dos cinco eleitos em 2002 na esteira do ex-barbudo líder do Prona conseguiu ter projeto aceito
Grupo só aprovou o projeto que inseriu o almirante Barroso, comandante na Guerra do Paraguai, no "Livro dos Heróis da Pátria"
RANIER BRAGON
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Destinatário do maior número de votos já recebidos na história por um candidato a deputado federal, Enéas Carneiro
(Prona-SP) chegou à Câmara
em fevereiro de 2003 pregando
a "independência econômica
do Brasil". Trazia, além da oratória veemente e apressada,
cinco colegas de partido também alçados à condição de deputado graças ao 1,57 milhão de
votos que obteve.
Três anos e oito meses depois, a atuação legislativa da
"bancada do Enéas" apresenta
como resultado muita fumaça,
laivos de corrupção e produção
quase zero -o grupo teve só um
projeto que virou lei, o que inseriu o almirante Barroso, comandante militar da Guerra do
Paraguai (1864-1870), no "Livro dos Heróis da Pátria".
Não se pode dizer, todavia,
que eles não tentaram.
Enéas, Elimar Máximo Damasceno (o único que se manteve no Prona), Vanderlei Assis
(foi para o PP), Amauri Gasques (PL), Ildeu Araujo (PP) e
Irapuan Teixeira (PP) apresentaram, juntos, expressivos 120
projetos de lei.
Dia da verdade
Destaque para Elimar Máximo, com 78 deles. À exceção da
inclusão de Barroso no livro
dos heróis, ele não conseguiu
sucesso em suas outras propostas, entre elas, a que criava o
"Dia Nacional da Verdade", a
que estabelecia suporte psicológico a pessoas que "voluntariamente deixarem a homossexualidade" e a que transformava em contravenção penal "beijos lascivos" trocados em público por pessoas do mesmo sexo.
Todas elas ou foram para o
arquivo ou dormitam em comissões da Câmara.
Ildeu Araújo também não viu
prosperar seus dez projetos,
entre eles o de distribuição gratuita de remédios contra a impotência sexual.
O projeto mofa desde 2005
na Comissão de Seguridade Social e Família.
Irapuan Teixeira direcionou
a maioria de suas 15 propostas
para a educação, mas o arquivo
foi o destino de várias, como a
que previa a obrigatoriedade do
ensino religioso nas escolas
particulares, a que incluía a Bíblia como livro didático obrigatório na disciplina de história e
a que determinava a condenados por dois ou mais homicídios a "doação compulsória" da
córnea, rim, pulmão ou fígado.
Enéas foi, dos seis, o mais
econômico: apresentou apenas
dois projetos de lei, mas nutre
especial carinho pelo que estabelece a substituição completa
dos combustíveis derivados do
petróleo pelo etanol e por derivados de óleos vegetais.
"O projeto é para o país, não é
para mim. Eu não conheço nenhum produtor de álcool, nenhum produtor de óleo vegetal.
E meu projeto não falava que a
base era o biodiesel [óleo vegetal misturado ao diesel], falava
em óleo vegetal puro mesmo.
Investimento que não é gigantesco, tudo perfeitamente factível, mas o poder das multinacionais é muito grande", diz.
Barrados
Com exceção de Enéas, que
teve 386.905 votos, cerca de
25% do que obteve em 2002,
nenhum dos integrantes da
"bancada" se reelegeu.
Com quatro deles acusados
de envolvimento na máfia dos
sanguessugas -Ildeu, Irapuan,
Vanderlei e Gasques-, a votação direcionada a eles só não foi
mais vexatória porque em 2002
ela foi menor. No dia 1º, os cinco juntos reuniram 24.205 votos. Em 2002, haviam sido somente 20.235.
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