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AIB doou para 92 candidatos desde 2002
Valor total é de R$ 9,7 mi e inclui financiamento de campanha de 2 candidatos à Presidência, 2 ao governo, 2 ao Senado e 15 à Câmara
Maior doação foi feita a comitê do PV paulistano; presidente do partido diz que acredita que foram feitas "de acordo com a lei"
RANIER BRAGON
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pivô da decisão de cassação
de 13 vereadores paulistanos na
segunda, a AIB (Associação
Imobiliária Brasileira) fez doações diretas para 92 candidatos
nas últimas quatro eleições
(2002, 2004, 2006 e 2008), em
um total de R$ 9,7 milhões.
Entre os beneficiários, há
dois candidatos à Presidência,
dois ao governo, dois ao Senado, 15 à Câmara, 12 a Assembleias Legislativas, oito a prefeito e 60 a vereador. A soma ultrapassa 92 porque alguns receberam mais de uma vez.
Entre os que receberam da
AIB -todas registradas no site
do Tribunal Superior Eleitoral-, estão o atual presidente
da Câmara, Michel Temer
(PMDB-SP), e os deputados
Antonio Palocci (PT-SP), Paulo
Teixeira (PT-SP) e Rodrigo
Maia (RJ), presidente do DEM.
Nos casos citados, entretanto, o dinheiro da AIB representa menos de 20% do que os candidatos arrecadaram. Nas cassações de São Paulo, o montante recebido da AIB pelos vereadores acusados ultrapassava
20% do que eles arrecadaram.
"Michel Temer informou de
maneira transparente todas as
doações que recebeu e a Justiça
Eleitoral aprovou as contas. Ele
não vê, portanto, nenhuma irregularidade", disse a assessoria do presidente da Câmara.
"A doação foi oficial e a prestação de contas foi aprovada
pelo TSE", disse Maia, também
por assessoria. Os outros dois
deputados não responderam.
Entre os 92 beneficiados, o
que mais recebeu recursos da
AIB foi o hoje secretário de Esportes da cidade de São Paulo,
Walter Feldman (PSDB), cujas
doações às suas candidaturas a
deputado federal em 2002 e
2006 somaram R$ 430 mil,
12% do que ele arrecadou. A
Folha não conseguiu falar com
Feldman, que está no exterior.
A maior doação da associação
não foi feita a um candidato e
sim para o comitê dos candidatos a vereador do PV paulistano, que em 2008 recebeu
R$ 750 mil, um terço do que arrecadou. Na ocasião, o partido
apoiou a reeleição do prefeito
Gilberto Kassab (DEM).
O presidente nacional do PV,
José Luiz de França Penna, disse, por assessoria, que "não participou de nenhuma conversa
referente à doação de fundos e
acredita que as negociações,
com toda e qualquer eventual
fonte doadora, tenham sido feitas de acordo com o que determina a lei".
Em abril, a Folha revelou
que a associação foi usada pelo
setor imobiliário paulista, controlado pelo Secovi-SP (sindicato do setor), para fazer desde
2002 financiamento eleitoral,
embora a lei proíba que sindicatos façam doações. O Secovi
nega que use a associação como
fachada. A AIB também diz fazer doações dentro da lei.
A reportagem também revelou que a AIB não tinha receita,
o que a impediria de financiar
candidatos, já que pessoa jurídica não pode doar mais de 2%
da renda bruta do ano anterior.
Em setores do Judiciário, há
entendimento de que, caso surjam fatos novos, a análise de
prestações de contas de campanha pode ser reaberta.
Os dois candidatos a presidente que receberam doações
da AIB foram Lula (PT), em
2002, e Geraldo Alckmin
(PSDB), em 2006, destinatários de valores que não representam nem 1% do arrecadado.
Os dados dos 92 candidatos
não incluem doações ocultas.
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