São Paulo, quinta-feira, 22 de outubro de 2009

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AIB doou para 92 candidatos desde 2002

Valor total é de R$ 9,7 mi e inclui financiamento de campanha de 2 candidatos à Presidência, 2 ao governo, 2 ao Senado e 15 à Câmara

Maior doação foi feita a comitê do PV paulistano; presidente do partido diz que acredita que foram feitas "de acordo com a lei"

RANIER BRAGON
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pivô da decisão de cassação de 13 vereadores paulistanos na segunda, a AIB (Associação Imobiliária Brasileira) fez doações diretas para 92 candidatos nas últimas quatro eleições (2002, 2004, 2006 e 2008), em um total de R$ 9,7 milhões.
Entre os beneficiários, há dois candidatos à Presidência, dois ao governo, dois ao Senado, 15 à Câmara, 12 a Assembleias Legislativas, oito a prefeito e 60 a vereador. A soma ultrapassa 92 porque alguns receberam mais de uma vez.
Entre os que receberam da AIB -todas registradas no site do Tribunal Superior Eleitoral-, estão o atual presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e os deputados Antonio Palocci (PT-SP), Paulo Teixeira (PT-SP) e Rodrigo Maia (RJ), presidente do DEM.
Nos casos citados, entretanto, o dinheiro da AIB representa menos de 20% do que os candidatos arrecadaram. Nas cassações de São Paulo, o montante recebido da AIB pelos vereadores acusados ultrapassava 20% do que eles arrecadaram.
"Michel Temer informou de maneira transparente todas as doações que recebeu e a Justiça Eleitoral aprovou as contas. Ele não vê, portanto, nenhuma irregularidade", disse a assessoria do presidente da Câmara.
"A doação foi oficial e a prestação de contas foi aprovada pelo TSE", disse Maia, também por assessoria. Os outros dois deputados não responderam.
Entre os 92 beneficiados, o que mais recebeu recursos da AIB foi o hoje secretário de Esportes da cidade de São Paulo, Walter Feldman (PSDB), cujas doações às suas candidaturas a deputado federal em 2002 e 2006 somaram R$ 430 mil, 12% do que ele arrecadou. A Folha não conseguiu falar com Feldman, que está no exterior.
A maior doação da associação não foi feita a um candidato e sim para o comitê dos candidatos a vereador do PV paulistano, que em 2008 recebeu R$ 750 mil, um terço do que arrecadou. Na ocasião, o partido apoiou a reeleição do prefeito Gilberto Kassab (DEM).
O presidente nacional do PV, José Luiz de França Penna, disse, por assessoria, que "não participou de nenhuma conversa referente à doação de fundos e acredita que as negociações, com toda e qualquer eventual fonte doadora, tenham sido feitas de acordo com o que determina a lei".
Em abril, a Folha revelou que a associação foi usada pelo setor imobiliário paulista, controlado pelo Secovi-SP (sindicato do setor), para fazer desde 2002 financiamento eleitoral, embora a lei proíba que sindicatos façam doações. O Secovi nega que use a associação como fachada. A AIB também diz fazer doações dentro da lei.
A reportagem também revelou que a AIB não tinha receita, o que a impediria de financiar candidatos, já que pessoa jurídica não pode doar mais de 2% da renda bruta do ano anterior.
Em setores do Judiciário, há entendimento de que, caso surjam fatos novos, a análise de prestações de contas de campanha pode ser reaberta.
Os dois candidatos a presidente que receberam doações da AIB foram Lula (PT), em 2002, e Geraldo Alckmin (PSDB), em 2006, destinatários de valores que não representam nem 1% do arrecadado.
Os dados dos 92 candidatos não incluem doações ocultas.


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