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Lula pede "apoio total" e volta a atacar FHC
Para petista, que diz não saber se manterá proposta de conselho de ex-presidentes, país era pensado a curto prazo por antecessores
Na inauguração de usina de biodiesel em MT, presidente afirma que, passada a "pirraça eleitoral", precisará do apoio dos governadores
EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A BARRA DO BUGRES (MT)
No momento em que sinaliza
buscar uma aproximação com a
oposição, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva tratou ontem de retomar os ataques ao
governo Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002).
Afirmou que os tucanos
"mentiram" aos brasileiros sobre a questão cambial, disse
que a indústria do álcool sempre foi tratada como "prostituta" em governos anteriores e
que o Brasil vinha sendo "pensado a curto prazo".
Em Barra do Bugres (190 km
de Cuiabá), onde foi inaugurar
uma usina de biodiesel, Lula foi
questionado em entrevista se
fará um convite para uma conversa com FHC. "Eu não vou
nominar com quem eu vou
conversar", respondeu o presidente Lula.
A aliados FHC tem repetido
que aguarda o convite de Lula
para tratar de agenda política.
Mas o tucano tende a recusá-lo.
Ontem, Lula também disse
que não sabe ainda se manterá
a proposta de criação de um
conselho de ex-presidentes para a discussão de uma agenda
para o país, tratada como factóide pelos tucanos: "Eu não sei
[se haverá proposta para o conselho]. Me deixe trabalhar que
eu vou pensar direitinho no
que eu vou fazer".
O presidente participou ontem de três eventos em Mato
Grosso, sendo dois oficiais
(inauguração de uma rodovia,
em Sapezal, e a usina de biodiesel) e um outro improvisado, na
pista do aeroporto de Barra do
Bugres. Antes de deixar a cidade, Lula discursou num carro
de som estacionado ao lado da
pista, invadida por cerca de mil
pessoas que o aguardavam no
local.
Apoio para governar
Na usina, de improviso, Lula
falou por meia hora. Alternou
ataques a seus antecessores e
pedidos de apoio para seu segundo mandato. Disse que, passada a "pirraça eleitoral", precisará do apoio de todos os governadores e de todo o Congresso.
"Certamente vamos precisar
do apoio dos 27 governadores,
vamos precisar do apoio dos 81
senadores, dos 513 deputados.
Não é que eu não quero que as
pessoas votem contra, pode votar. O dado concreto é que a
gente tem que medir quando é
o Brasil que está em jogo ou
quando é a eleição que está em
jogo. Quando é o Brasil que está
em jogo ou quando é a pirraça
eleitoral que está em jogo. Essas coisas incomodam", disse,
citando o Fundeb como exemplo. "Vamos ter de trabalhar
em harmonia."
Lula falou ao lado do governador reeleito de Mato Grosso,
Blairo Maggi (PPS). Ao citá-lo,
errou duas vezes o nome dele.
Primeiro o chamou de "Magri".
A seguir, falou em "governador
Bagre", levando ao riso os presentes. Além de Maggi e de alguns ministros, Lula também
dividiu o palanque com a senadora petista Serys Slhessarenko, acusada de envolvimento
na máfia dos sanguessugas.
A crítica direta aos tucanos
ocorreu ao tratar da questão
cambial. "Os agricultores sabem o que foi o dólar um por
um neste país. Sabe o que foi,
quando mentiram para o povo
brasileiro dizendo que o real
valia mais do que um dólar e
que o peso argentino valia mais
do que um dólar, nunca valeu.
Porque, quando as coisas se
ajustaram, muita gente foi dormir rico e acordou quebrado."
Depois, em entrevista no aeroporto, prometeu conversar
com todas as forças políticas do
país, sem distinção de partidos.
Lula inaugurou ontem a primeira usina do mundo a produzir biodiesel, açúcar e álcool de
forma integrada. Ela pertence a
empresários do Estado.
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