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"Oposição não é feita para aderir", diz FHC sobre conversa com Lula
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Afirmando que "a oposição
não é feita para aderir", o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso disse ontem que "não
há razão, neste momento", para uma conversa do PSDB com
o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva. Segundo ele, agora Lula "tem é que fazer o governo".
"Eu sempre disse que, quando o presidente convida alguém, é uma grosseria não aceitar. Agora, não vejo razão neste
momento para isso. Neste momento, a coisa é outra. Ele tem
que organizar o governo e fazer
propostas ao país para, depois,
saber: conversar sobre o quê?",
disse FHC, acrescentando: "A
governabilidade não está em
risco. Democracia implica governo e oposição. Não precisa
pacto. Ele tem é que fazer o governo".
Incrédulo sobre a real disposição de Lula para instalação de
um conselho político composto
por ex-presidentes, FHC lançou dúvidas também sobre sua
funcionalidade. "Em cada não
sei quanto tempo, vem essa
idéia. Não vejo muito qual é a
funcionalidade."
Após uma reunião com representantes do PSD português -na qual comparou o Brasil de hoje a Portugal do século
19 descrito por Eça de Queiroz,
o do "progresso da decadência"- FHC disse à Folha que o
apoio ao governo afrontaria a
decisão do eleitor.
Para FHC, "a função da oposição é fiscalizar". "Uma coisa é
ter relação pessoal com quem
quer que seja, mesmo uma conversa. Isso não tem nada a ver
com a função política que a
oposição deve ter. A oposição
não é feita para aderir. É feita
para discutir", afirmou.
FHC repetiu o que dissera ao
PSDB num encontro a portas
fechadas: que dá aflição a pressa com que a oposição busca
entendimento com o governo.
"O povo decidiu quem vai para
o governo e quem fica na oposição. Não corresponde à decisão
do povo se você sair correndo
para apoiar. Para quê?", perguntou. E concluiu:
"Além do mais, precisa saber
o quê. Não há diferença de ponto de vista? Se não houvesse,
tudo bem. Se houver, cada um
na sua".
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