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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/HORA DAS CONCLUSÕES
Relatório preliminar aponta quatro "padrões" distintos para pagamentos do "mensalão"
CPI relaciona repasses a votações; PT pede cautela
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Relatório preliminar da CPI dos
Correios, divulgado ontem pelo
deputado Osmar Serraglio
(PMDB-PR), relacionou os pagamentos do "mensalão" ao ingresso de deputados federais de diversos partidos no PTB e no PP e a
votações de interesse do governo
federal no Congresso Nacional.
Apontou ainda que, no caso de alguns pagamentos ao PL, a periodicidade chegou a ser semanal
-em tom irônico, os repasses foram classificados ontem como
"semanadão".
Segundo o relatório, foram registrados repasses das empresas
do publicitário mineiro Marcos
Valério Fernandes de Souza a deputados aliados do governo concentrados "em datas próximas às
votações". Esse comportamento é
registrado, de acordo com a CPI, a
partir de setembro de 2003. Poucos dias antes, 27 de agosto, ocorrera a votação da polêmica reforma da Previdência Social.
No gráfico usado para supostamente comprovar a concentração
de pagamentos, porém, os repasses aparecem diluídos em diversas datas, não necessariamente
coincidentes com votações. A planilha apresentada pela CPI dos
Correios registra saques para empresas e pessoas que não são parlamentares.
Também houve repasses antes
de setembro, quando não havia
votações importantes. Nesse caso,
pela lógica da CPI, eles serviriam
para justificar a "engorda" dos
partidos aliados. Os petistas pediram cautela na análise dos dados.
Equilíbrio
"Evidentemente que existem algumas coincidências que surpreendem, em função de saques,
de migrações partidárias, mas vamos ter as próximas semanas para apurar e ter claramente um
quadro de como esses saques poderiam interferir nessas ações do
Congresso", afirmou o presidente
da CPI, senador Delcídio Amaral
(PT-MS), que prometeu um relatório final "equilibrado".
"Acho que houve pagamentos a
personagens políticos, isso não há
como negar. Mas "mensalão", na
lógica que se tenta afirmar, para
patrocinar votações, trocas de
partidos, isso não temos como
comprovar", disse a senadora
Ideli Salvati (PT-SC).
O dinheiro supostamente destinado a engordar filiações no PTB
se concentrou em maio de 2003.
Os pagamentos destinados ao PP
pelo esquema montado pelo PT e
por Marcos Valério, intermediados pela corretora Bônus-Banval,
obedeceram a intervalos de 48 e
72 horas e ocorreram principalmente entre janeiro e fevereiro de
2004. PTB, PP e PL engordaram
suas bancadas de deputados nos
primeiros meses da gestão Lula.
Os três partidos negam que tenham cooptado parlamentares
ou vendido apoio ao governo em
troca de recursos.
O que é "mensalão"
O relatório conceituou o termo
"mensalão", usado pela primeira
vez em junho, em entrevista à Folha, pelo deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), que denunciou o esquema: "Fundo de recursos utilizado, especialmente, para
atendimento a interesses político-partidários".
O documento apontou quatro
"padrões" para o "mensalão".
Um registra que os pagamentos
feitos ao Partido Liberal por meio
da empresa Guaranhuns ocorreram com uma freqüência semanal. Foram registradas transferências bancárias de diferentes
valores num mesmo dia que, somadas, oscilaram de R$ 200 mil a
R$ 500 mil nos dias 11, 19 e 26 de
fevereiro, 6, 12, 17, 24 e 31 de março, e 4, 11, 18 e 25 de junho de 2003.
"É o semanadão", brincou o deputado Serraglio.
(MS, RV e SN)
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