São Paulo, quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

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JANIO DE FREITAS

Papai Noel na CPI

O relatório preliminar apresentado pelo deputado Osmar Serraglio, em nome da CPI dos Correios, é mais do que um trabalho competente e sério. Embora ainda distante de muitas das conclusões necessárias, aquelas que reúne arrasam, a um só tempo, o temor de ineficácia da CPI, fosse ou não por acordos mafiosos, e o que restava das versões de Delúbio, Valério, dos responsáveis pela publicidade oficial e da "defesa" petista.
É suficiente pescar no noticiário de hoje duas conclusões já estabelecidas no relatório preliminar. Uma, relativa ao montante do "valerioduto"; a outra, a suas fontes parciais de recursos. Não sobrevive dúvida alguma de uso de dinheiro dos setores governamentais para alimentar os condutos do "valerioduto", pelos quais passaram muito além dos tais R$ 55 milhões de pretensos empréstimos. A soma das liberações encontradas pela CPI vai a mais de R$ 100 milhões operados por Marcos Valério. Sem ao menos falsidades bancárias a explicá-los, mas bem acompanhados pela "antecipação" de verbas oficiais e pagamentos sem os respectivos serviços, além de outras fontes ainda sob investigação.
Entre os numerosos componentes da CPI, poucos preferiram, às suas exibições circenses, trabalhar efetivamente nas investigações. Será mais seguro citá-los ao final dos trabalhos.
Mas desde logo fica reconhecida a sorte que entregou a condução da CPI dos Correios ao senador Delcídio Amaral e ao deputado Osmar Serraglio, presidente e relator.
Isentos na orientação, democráticos nas relações com o plenário e elevados na conduta pessoal.
O relatório preliminar é um bom presente de Natal da CPI dos Correios à opinião pública.

Muy amigo
Não sei se por educação ou por leviandade, o Rio proporcionou a José Dirceu dias de hospedagem simpática e gentil, como se dele houvesse recebido simpatia e gentileza (já que nem vale a pena falar de deveres).
Desconheço algum período em que o Estado do Rio e a cidade do Rio fossem maltratados e destratados pelo governo federal. Pois é a José Dirceu que está atribuída a orientação desse tratamento, como parte das táticas que formulou, na coordenação do governo, contra os adversários políticos Anthony Garotinho e Cesar Maia.
O Supremo Tribunal Federal, por intermédio do ministro Marco Aurélio Mello, obrigou agora o BNDES a liberar R$ 70 milhões do financiamento para a extensão do metrô carioca. Há um ano o Rio lutava por sua verba, e o BNDES tinha tanta razão nas suas recusas que o STF o derrotou. Mas só assim, com a absurda necessidade de recurso estadual ao Supremo.
Mesmo quando se trata de verba para servir a bens federais, como a BR-101 -a rodovia que liga Sul e Norte pela faixa litorânea- o governo não destina recursos nem à manutenção mínima. A estrada, importantíssima para a economia nacional, está se acabando. E acabando, nas suas crateras e ruínas, com inúmeros caminhões, ônibus e carros, sem que alguém ou alguma entidade prejudicada valha-se do direito de processar os ministros dos Transportes e da Fazenda e o presidente da República. Senão por tantos prejuízos com quebras e demoras, pelas ameaças à vida e pelas mortes freqüentes.
Nas férias, faça o favor de não viajar à noite pela BR-101, por exemplo, para Búzios, Cabo Frio ou Porto Seguro: é quase absoluto o risco de problema causado pela estrada.


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