São Paulo, quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

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OUTRO LADO

Investimento é normal, diz "JB"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O empresário Nelson Tanure disse, por meio de sua assessoria, que os investimentos publicitários da empresa de telefonia celular Tim no "Jornal do Brasil" são absolutamente normais.
A Telecom Itália nega que tenha financiado campanha contra Daniel Dantas e o Opportunity: "Os investimentos publicitários que a Tim realiza nos diversos meios de comunicação seguem as estratégias de marketing da empresa". Em relação ao "Jornal do Brasil", "a relação custo/benefício foi sempre levada em conta".
Tanure classificou de "ridículas" e "improcedentes" as afirmações da Kroll de que ele fiscalizaria a execução das reportagens do jornalista Gilberto Menezes Côrtes, colaborador do jornal, sobre o Opportunity e seu controlador Daniel Dantas. Disse que nem mesmo comparece à redação.
Menezes Côrtes, por sua vez, chamou o documento de "um dossiê típico de arapongas". A diferença, afirmou ele, é que, ao contrário dos agentes do extinto SNI (Serviço Nacional de Informações), os funcionários da Kroll "são regiamente pagos em dólar".
Quanto ao método de trabalho empregado pela Kroll, disse ainda Menezes Côrtes, "é o mesmo" empregado pelos serviços de informação da ditadura. "Reúnem recortes de jornais e tentam construir uma história."
O repórter, que tem uma reputação que classifica como "impecável", disse que vai exigir da Kroll e do Opportunity "uma retificação do que foi divulgado". Se não for atendido, disse que tomará as "medidas legais" contra as "acusações mentirosas e desprovidas de qualquer fundamento".
"Jamais em 33 anos de profissão recebi instruções de um dono de jornal de como deveria proceder em matérias que fiz", disse Menezes Côrtes: " Quando muito, os editores (e foram vários e importantes em minha carreira) conversavam comigo dando boas dicas e discutindo a edição da matéria, mas a responsabilidade, na maioria dos casos, era minha".
"Não seria, portanto, o senhor Nelson Tanure quem iria me orientar direta ou indiretamente sobre minhas matérias", disse.
Ricardo Boechat, o outro jornalista mencionado no relatório, hoje já desvinculado do "JB", disse: "Se a Kroll está afirmando essas coisas, quem pagou para ela fazer isso é que deve explicar em que medida vê fundamento".
"O que posso dizer", acrescentou Boechat, "é que todas as notas que eu publiquei, em relação aos muitos conflitos nos quais o Opportunity ou o Daniel Dantas eram protagonistas, foram notas factuais. Quem tiver qualquer dúvida é só pegar os arquivos e verificar o que está lá", afirmou. "Muitas dessas notas", disse Boechat, "constituíram-se em furos, com informações inéditas, que tiveram grande repercussão. Uma delas antecipou o rompimento do Citibank com o Opportunity".
"Assumi a chefia de redação do "JB" em 7 de setembro de 2001. Saí em outubro de 2002. Posso afirmar categoricamente que meus últimos contatos telefônicos com o Tanure se esgotam entre o fim de 2002 e a alvorada de 2003."
Evaldo Haddad Fenerich disse que não comentaria o assunto. Afirmou que uma decisão judicial o proíbe até de mencionar o nome de Daniel Dantas.


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