São Paulo, quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

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Oposição altera Orçamento de Alckmin em SP

DA REPORTAGEM LOCAL

O governo de Geraldo Alckmin (PSDB-SP) foi derrotado ontem em votação na Comissão de Finanças e Orçamento da Assembléia Legislativa de São Paulo, que aprovou relatório do deputado Edmir Chedid (PFL) acatando mais de 2.500 emendas -com aumento de R$ 1 bilhão do total de gastos previstos para o Orçamento de 2006, inicialmente definido em R$ 80,7 bilhões.
Os tucanos acusam a oposição de ter elevado os gastos sem previsão orçamentária clara e de terem acrescentado emendas que atendem a projetos locais dos parlamentares com interesses eleitoreiros. Ao dizer que o relatório não é realista, deputados governistas afirmam que o ônus de não cumprir as emendas ou ter que vetá-las ficaria para Alckmin, prejudicando-o politicamente num ano eleitoral.
A oposição afirma que o governo terá dinheiro para cumprir o Orçamento proposto por Chedid, já que tem conseguido, nos últimos anos, ampliar a receita real acima do previsto. Com esse "colchão", o governo pode gastar mais livremente, independente do Orçamento aprovado. De acordo com os oposicionistas, é isso que Alckmin não quer perder em ano eleitoral.
O PSDB apresentou voto em separado na comissão, que foi derrotado por cinco votos a quatro. Votaram favoravelmente à proposta de Chedid, além do próprio PFL, os representantes de PT e PMDB. Pela proposta alternativa votaram PSDB, PPS, PTB e PL.
O relatório aprovado segue para o plenário, sem data prevista de votação. "Espero que seja corrigido no plenário. Isso é uma total irresponsabilidade. Esse recurso não existe", disse Alckmin. Os líderes do governo na Assembléia, Edson Aparecido (PSDB), e do PT, Renato Simões, disseram crer que o Orçamento só deve vir a ser votado no final de janeiro.
Aparecido disse ter maioria. Simões comemorou a aprovação do relatório, afirmando que ele representa um avanço democrático, já que o governo, segundo ele, tradicionalmente é refratário a emendas, e nos últimos anos o PSDB vinha garantindo a aprovação de seu projeto sem grandes alterações.
Uma das razões da mudança é o comportamento do PFL, que, apesar de ocupar o cargo de vice nas administrações tucanas do município e do Estado, ao longo do ano tem agido de forma independente na Assembléia. Segundo Chedid, também líder do partido na Casa, esse comportamento não significa oposição, mas uma relação de parceria que não é respeitada pelo governo. Disse ser correto ler o enfrentamento entre tucanos e pefelistas no Estado como manifestação da vontade dos últimos de deixarem de ser tratados "como muleta". "Queremos o apoio do PSDB para a chapa para o governo do Estado. E queremos a cabeça da chapa."
(RAFAEL CARIELLO)


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