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OUTRO LADO
Por "segurança", Planalto omite destino de verbas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Secretaria de Administração da Presidência da República lançou mão de uma regra
baixada em dezembro de 2003
pelo Gabinete de Segurança
Institucional para negar detalhes sobre as movimentações
com cartões de crédito corporativos no Planalto.
"Não é permitido o fornecimento de informações detalhadas dos gastos com as peculiaridades da Presidência da República, por questões de segurança", informou por escrito o
departamento da Casa Civil
que é encarregado da administração do Planalto.
Os gastos com cartão de crédito bancam despesas que têm
de ser pagas imediatamente,
enquadradas como "suprimento de fundos". Essas despesas não são classificadas legalmente como gastos secretos,
para os quais há quantia especialmente reservada no Orçamento da União e rito diferente
para a prestação de contas.
Nas movimentações com
cartões, o Siafi não identifica o
destino final do dinheiro público, mas apenas os nomes dos
titulares nos pagamentos feitos
ao Banco do Brasil.
A Folha solicitou a identificação das autoridades a que estão
subordinados os (titulares dos cartões) responsáveis pelas maiores movimentações de dinheiro. Resposta da
Casa Civil:
"Atualmente existem 41 portadores de cartão (48 são identificados no Siafi), todos vinculados à Secretaria de Administração e cedidos aos diferentes
órgãos que compõem a Presidência da República".
Os titulares dos cartões são
servidores encarregados dos
gastos e da prestação de contas,
acrescentou a Casa Civil.
A Folha questionou os valores altos movimentados por
um grupo de , especialmente os saques em dinheiro. A Secretaria de Administração atribuiu o aumento de saques a despesas feitas no interior do país, situações em que
não seria possível usar o cartão
de crédito diretamente nos estabelecimentos.
"Como os cartões têm limite
para saque (R$ 1.000 por operação, até cinco operações por
dia), há casos em que são necessários vários saques consecutivos para a obtenção do
montante necessário à quitação do gasto", explicou o Planalto. O Siafi identifica, no ano
passado, o saque do limite diário de R$ 5.000 em quatro dias
seguintes num mesmo cartão.
No ano anterior, um único titular sacou até R$ 12 mil num
mesmo dia.
Questionada sobre a falta de
transparência dos gastos feitos
com cartão, a Secretaria de Administração mencionou um
trecho do relatório do ministro
Marcos Vilaça, do TCU (Tribunal de Contas da União), em
que ele diz que o cartão de crédito corporativo, "antes de representar um mal, traz benefícios para a administração pública, na medida em que possibilita maior transparência na
execução financeira".
A Presidência não reproduz
integralmente, no entanto, as
considerações do ministro do
TCU. "Esses benefícios [de
transparência] deixam de existir quando o pagamento das
despesas é feito em espécie, utilizando-se o cartão apenas para
viabilizar o saque de numerário diretamente da conta única.
Pelos maiores riscos envolvidos, os saques deveriam ser excepcionais", lê-se na página
cinco do relatório, entre outras
ponderações de Vilaça sobre a
falta de transparência.
Sobre as recomendações feitas pelo tribunal, a Secretaria
de Administração informa que
estão em estudo novas normas
sobre o uso dos cartões de crédito no governo. Em resposta
encaminhada à Folha na noite
de sexta-feira, 48 horas depois
do envio das perguntas, a Secretaria de Administração destacou que a auditoria do TCU
não havia encontrado "malversação de recursos, dolo ou má-fé" de gestores da Presidência.
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