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Gasto subiu 142% no governo Lula; para estatal, campanha do Fome Zero e dos 50 anos motivaram elevação
Petrobras aumenta despesa com propaganda
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Maior estatal do país e patrocinadora de projetos sociais, culturais e ambientais, a Petrobras elevou seus gastos com comunicação em 142,81% entre 2002, último ano do governo Fernando
Henrique Cardoso, e 2004.
No primeiro ano do governo do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os gastos em comunicação da
Petrobras aumentaram 82,35%
na comparação com o último ano
de seu antecessor.
O valor subiu de R$ 253,140 milhões em 2002 para R$ 461,615 milhões em 2003. Em 2004, o orçamento da área aumentou ainda
mais, alcançando a cifra recorde
de R$ 614,642 milhões -142,81%
maior do que em 2002 e 33,15%
superior a 2003, segundo dados
obtidos pela Folha.
Os valores a serem desembolsados em 2005 ainda não foram definidos, informa a companhia.
O incremento dos gastos nos últimos anos permitirá à empresa
destinar em 2006 - ano da eleição presidencial, na qual o presidente Lula possivelmente tentará
se reeleger- mais recursos à publicidade institucional da estatal,
cujas peças levam sempre a marca
do governo federal.
Essa é uma das principais fontes
de despesa da área de comunicação social da companhia (R$ 216
milhões no ano de 2004, ou
35,14% do total).
A resolução 21.610 do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) proíbe,
em seu artigo 43, que despesas
com publicidade de órgãos públicos ou entidades da administração indireta (a Petrobras se enquadra nessa categoria) excedam
a média dos gastos nos três anos
anteriores ao pleito ou a do ano
imediatamente anterior à eleição.
Pela resolução, prevalece o valor
que for menor.
Patrocínios
Sob a rubrica "comunicação",
estão despesas além de publicidade: patrocínios, propaganda e
gastos menores, como com assessoria de imprensa, por exemplo.
Com esse dinheiro, a estatal patrocina transmissões de Fórmula
1 e de futebol na TV -dois dos
mais dispendiosos contratos da
empresa-, a realização de filmes,
peças de teatro, festivais de cinema e vilas olímpicas em comunidades carentes. A Petrobras não
informa o valor gasto em cada
uma das iniciativas.
A companhia usa os recursos
ainda para pagar as agências de
publicidade que a atendem -são
elas que desenvolvem as peças
publicitárias e negociam a veiculação na mídia.
Já no caso dos patrocínios existem dois tipos de seleção: diretamente pela área de comunicação e
pela direção da companhia -é o
caso, por exemplo, do Festival do
Rio de Cinema- ou por meio de
uma comissão de "notáveis", que
escolhe projetos pré-inscritos em
concorrência pública.
Ações isoladas
Ao justificar o aumento, a Petrobras diz que duas ações isoladas de comunicação -a campanha publicitária do aniversário de
50 anos da estatal, completados
em 2003, e o início do projeto social Petrobras Fome Zero - elevaram os valores tanto em 2003
como em 2004.
A verba do programa é de R$
300 milhões, aplicados no período 2003 a 2006.
A idéia foi concentrar no programa todas as ações sociais da
empresa sob os mesmos critérios,
criando parâmetros de avaliação
de desempenho dos projetos.
Apesar do aumento "atípico"
ocasionado pelas comemorações
do aniversário da empresa, os dados relevam que, ainda assim, a
verba da comunicação teve um
aumento expressivo.
Sem contabilizar o dinheiro
destinado à campanha dos 50
anos, as despesas da área somaram R$ 580 milhões no ano passado. Em 2002, ficaram em R$ 360
milhões, descontado o gasto com
as comemorações do cinqüentenário da empresa.
Em 2004, a previsão orçamentária da comunicação era de R$ 500
milhões, mas o valor teve de ser
suplementado também por causa
dessas duas ações.
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