São Paulo, domingo, 23 de janeiro de 2005

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Gasto subiu 142% no governo Lula; para estatal, campanha do Fome Zero e dos 50 anos motivaram elevação

Petrobras aumenta despesa com propaganda

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Maior estatal do país e patrocinadora de projetos sociais, culturais e ambientais, a Petrobras elevou seus gastos com comunicação em 142,81% entre 2002, último ano do governo Fernando Henrique Cardoso, e 2004.
No primeiro ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os gastos em comunicação da Petrobras aumentaram 82,35% na comparação com o último ano de seu antecessor.
O valor subiu de R$ 253,140 milhões em 2002 para R$ 461,615 milhões em 2003. Em 2004, o orçamento da área aumentou ainda mais, alcançando a cifra recorde de R$ 614,642 milhões -142,81% maior do que em 2002 e 33,15% superior a 2003, segundo dados obtidos pela Folha.
Os valores a serem desembolsados em 2005 ainda não foram definidos, informa a companhia.
O incremento dos gastos nos últimos anos permitirá à empresa destinar em 2006 - ano da eleição presidencial, na qual o presidente Lula possivelmente tentará se reeleger- mais recursos à publicidade institucional da estatal, cujas peças levam sempre a marca do governo federal.
Essa é uma das principais fontes de despesa da área de comunicação social da companhia (R$ 216 milhões no ano de 2004, ou 35,14% do total).
A resolução 21.610 do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) proíbe, em seu artigo 43, que despesas com publicidade de órgãos públicos ou entidades da administração indireta (a Petrobras se enquadra nessa categoria) excedam a média dos gastos nos três anos anteriores ao pleito ou a do ano imediatamente anterior à eleição. Pela resolução, prevalece o valor que for menor.

Patrocínios
Sob a rubrica "comunicação", estão despesas além de publicidade: patrocínios, propaganda e gastos menores, como com assessoria de imprensa, por exemplo.
Com esse dinheiro, a estatal patrocina transmissões de Fórmula 1 e de futebol na TV -dois dos mais dispendiosos contratos da empresa-, a realização de filmes, peças de teatro, festivais de cinema e vilas olímpicas em comunidades carentes. A Petrobras não informa o valor gasto em cada uma das iniciativas.
A companhia usa os recursos ainda para pagar as agências de publicidade que a atendem -são elas que desenvolvem as peças publicitárias e negociam a veiculação na mídia.
Já no caso dos patrocínios existem dois tipos de seleção: diretamente pela área de comunicação e pela direção da companhia -é o caso, por exemplo, do Festival do Rio de Cinema- ou por meio de uma comissão de "notáveis", que escolhe projetos pré-inscritos em concorrência pública.

Ações isoladas
Ao justificar o aumento, a Petrobras diz que duas ações isoladas de comunicação -a campanha publicitária do aniversário de 50 anos da estatal, completados em 2003, e o início do projeto social Petrobras Fome Zero - elevaram os valores tanto em 2003 como em 2004.
A verba do programa é de R$ 300 milhões, aplicados no período 2003 a 2006.
A idéia foi concentrar no programa todas as ações sociais da empresa sob os mesmos critérios, criando parâmetros de avaliação de desempenho dos projetos.
Apesar do aumento "atípico" ocasionado pelas comemorações do aniversário da empresa, os dados relevam que, ainda assim, a verba da comunicação teve um aumento expressivo.
Sem contabilizar o dinheiro destinado à campanha dos 50 anos, as despesas da área somaram R$ 580 milhões no ano passado. Em 2002, ficaram em R$ 360 milhões, descontado o gasto com as comemorações do cinqüentenário da empresa.
Em 2004, a previsão orçamentária da comunicação era de R$ 500 milhões, mas o valor teve de ser suplementado também por causa dessas duas ações.


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