São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 2007

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Sem-terra se unem a grevistas em Alagoas

Trabalhadores rurais, índios e sem-teto agora acampam em praça em frente à secretaria da Fazenda, invadida por servidores

Greve no Estado já dura sete dias; líder sindical diz que grupo só deixa prédio se governo negociar retirada de decreto contra reajuste

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

Caravanas de trabalhadores sem-terra, índios e sem-teto se uniram ontem aos servidores estaduais de Alagoas, que estão em greve contra a redução de seus salários, e reforçaram o grupo que há seis dias invadiu a sede da Secretaria da Fazenda, em Maceió.
Os manifestantes ergueram barracas de lona plástica nas calçadas e acamparam na praça Floriano Peixoto, que separa os grevistas do palácio do governo. A área de bloqueio nas ruas da cercania imposta pelos grevistas foi ampliada, de 50 metros para 100 metros.
Três veículos da Secretaria Estadual da Fazenda que estavam parados no estacionamento foram abertos, empurrados e usados como barreiras nas ruas de acesso à secretaria.
"Todas as entradas estão fechadas", disse o presidente estadual da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Izac Jackson. "Agora, o governo só entra aqui se tiver diálogo", afirmou.
No sábado, a Justiça concedeu ao Estado liminar de reintegração de posse do prédio, mas os grevistas decidiram que só sairão do local após a revogação do decreto do governador Teotônio Vilela Filho (PSDB) que suspendeu os aumentos concedidos em 2006 pela administração passada, do pedetista Luís Abílio.
Pressionado, o governo concordou em repor os reajustes -com exceção dos professores, que receberiam apenas 20% do que teriam direito-, mas se recusa a revogar a medida.
Ontem, em nota, as secretarias da Fazenda e da Administração informaram que a diferença salarial seria depositada ainda na noite de ontem nas contas dos servidores.
A notícia não alterou a disposição dos manifestantes. Em assembléias isoladas, policiais civis e trabalhadores da Saúde decidiram manter o movimento grevista.

Trincheira
O comando de greve estabeleceu estratégias para uma eventual tentativa de reintegração de posse do prédio. Policiais que controlam o acesso ao edifício carregam correntes e cadeados e têm ordens para fechar as portas para dificultar a ação do governo.
No caso de conflito, grupos que permanecem na secretaria podem desligar o centro de processamento de dados, que funciona no sétimo andar. No sábado, os grevistas incendiaram pneus na rua após a liminar de reintegração de posse.
A paralisação completa hoje sete dias. Nas delegacias, as investigações criminais não estão sendo feitas. Apenas os flagrantes estão sendo lavrados.
Em cerca de 150 escolas estaduais -40% da rede oficial- o ano letivo de 2006 ainda não terminou, e as aulas de reposição estão suspensas. Nos hospitais, somente os casos de emergência estão sendo atendidos.


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