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Obra de construtora no Pará é investigada
Três dos seis hospitais a cargo do consórcio da Camargo Corrêa no Estado ainda não funcionam -um deles está nas fundações
Governo do Pará afirmou já ter pago R$ 247 milhões pelas obras; Ministério Público apura pagamento de propina ao PT e ao PMDB
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
Três dos seis hospitais construídos pelo consórcio liderado
pela Camargo Corrêa no Pará
ainda não estão funcionando.
As obras são alvo de uma investigação do Ministério Público
Federal em São Paulo.
O governo de Ana Júlia Carepa (PT) espera ainda neste ano
colocar em funcionamento os
das cidades de Breves, na Ilha
do Marajó, e de Tailândia, no
nordeste do Estado (este não
chegou a ser citado na denúncia
da Procuradoria, mas também
foi feito pela construtora).
As instalações dos dois hospitais estão 95% prontas, mas
faltam médicos e equipamentos para que possam funcionar.
Há um terceiro hospital, que
deveria cuidar de crianças com
câncer em Belém, que mal saiu
do papel. Pensado para ser uma
espécie de anexo do Hospital
Ophir Loyola, principal centro
oncológico da capital paraense,
dele só foi feita a fundação.
Mesmo um dos que foram
terminados, o de Santarém, na
região do Baixo Amazonas, não
funciona como deveria, segundo o Sindicato dos Médicos do
Pará: "Há seríssimos problemas", disse Wilson Machado,
um dos diretores do sindicato.
Ele afirmou que o hospital
deveria oferecer serviços como
hemodinâmica e cirurgia infantil, mas não o faz. Criado para ser um centro de ponta, ele
acaba tendo de tratar de casos
mais simples também, devido à
falta de atendimento básico
nos municípios da área: "A concepção foi desvirtuada".
Os hospitais entraram no foco da Operação Castelo de
Areia, que investiga supostos
crimes financeiros da Camargo
Corrêa, depois que, segundo o
Ministério Público, foram descobertos documentos comprovando o pagamento de propina
ao PT e ao PMDB do Pará
-aliados no governo do Estado.
A Procuradoria da República
argumenta que, por meio de
uma conta bancária na China,
em nome de Tiger Information,
foram depositados para o PT
R$ 261.285,52 em abril de
2008. Já os peemedebistas, diz
a denúncia, receberam R$ 130
mil em uma conta brasileira.
Também foram encontrados
registros da empresa com as
anotações "PT 5%" e "PMDB
3%". Além disso, havia menção
a "Carlos Botelho", mesmo nome do consultor do governo do
Pará, e a "JB, eleição e partido".
Todos os citados negam envolvimento em qualquer ilegalidade. Os petistas afirmam que
as obras foram licitadas em
2005, quando o Pará era comandado por Simão Jatene
(PSDB), e que portanto não haveria sentido na propina .
Mas empreiteiros ouvidos
pela Folha disseram que, se a
hipótese de propina for verdadeira, é possível que ela tenha
sido negociada para que os pagamentos fossem liberados.
O Estado disse já ter pago
R$ 247 milhões das obras, cujo
custo total foi dividido entre
empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
que entrou com R$ 215,3 milhões, e contrapartidas estaduais -de R$ 79,6 milhões.
Os hospitais faziam parte de
um plano do governador Simão
Jatene (PSDB) para descentralizar o atendimento de alta e
média complexidade no Pará.
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