São Paulo, quarta-feira, 23 de março de 2005

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NOVELA MINISTERIAL

Governador de São Paulo defende reforma administrativa na União e afirma que governo "parou de vez"
Para Alckmin, reforma lenta atrapalha o país

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), defendeu ontem uma reforma administrativa no governo federal para diminuir o tamanho do Estado e afirmou que a reforma ministerial, discutida há cinco meses, está atrapalhando o país.
"O governo, que estava devagarinho, devagarinho, parou de vez. O ministério é grande demais e também se discute demais", disse ele, que foi ao Congresso Nacional discutir a reforma tributária.
O governo federal possui hoje 35 pastas com status de ministério. "O nosso problema não é substituir ministro, e sim o tamanho do Estado. Temos hoje um governo grande demais, que gasta demais. O caminho é buscar eficiência nos gastos públicos. O exemplo tem que vir de cima, da redução da estrutura do Estado", disse o governador.
Para Alckmin, "a capacidade das pessoas é que deve nortear a escolha de ministérios". A oposição tem acusado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de fisiologismo porque o único critério para as mudanças em sua equipe seria contemplar aliados.
Principal nome do PSDB para disputar as próximas eleições presidenciais contra o presidente Lula em 2006, o governador de São Paulo criticou ontem a antecipação do debate eleitoral. A reeleição do presidente Lula foi defendida na comemoração dos 25 anos de criação do PT no último fim de semana.
"Sou contra antecipar o debate sucessório porque isso encurta os governos e dificulta a governabilidade. O governo [federal] é que tem tido uma verdadeira obsessão nessa questão da continuidade no poder", disse ele.
O tucano afirmou ainda que o PSDB não fez nenhuma consulta ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a respeito da possibilidade de ele concorrer novamente ao governo do Estado no próximo ano. Alckmin disse que não tem nenhum interesse nessa hipótese.

"Rato"
O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), ironizou ontem a reforma ministerial anunciada pelo Palácio do Planalto. "A montanha pariu um rato", disse.
O presidente Lula suspendeu ontem as alterações na equipe devido à pressão feita pelo PP para ocupar a pasta das Comunicações, anunciando apenas mudanças nos ministérios da Previdência e do Planejamento.
"Na hora do vamos ver, o presidente não conseguiu sair da armadilha fisiológica. A Câmara está que nem o início da criação, o caos. Tomara que, no sétimo dia, o Lula consiga descansar", comparou Virgílio.
No plenário, o senador José Jorge (PFL-PE) perguntou ao líder do governo, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), se a reforma se resumiria ao que foi anunciado ontem. "Cabe ao presidente da República, que teve 53 milhões de votos, decidir", afirmou ele.
"Parece que Lando é o único incompetente do governo", disse Jorge. O senador Valdir Raupp, que é do PMDB de Rondônia, assim como Lando, saiu em defesa do ex-ministro. Segundo o senador, Lando foi vítima de uma injustiça porque tinha um plano pronto para sanear a Previdência Social e torná-la superavitária.
(FERNANDA KRAKOVICS)


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