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ANÁLISE
Decisão favorece polarização Lula-Alckmin e vitima Garotinho
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A manutenção da verticalização
favorece uma tendência já em
curso: a polarização entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) e o governador Geraldo
Alckmin (PSDB-SP) na eleição
presidencial. E praticamente enterra a possibilidade de candidatura própria do PMDB ao Palácio
do Planalto, fazendo do ex-governador Anthony Garotinho (RJ) a
principal vítima da decisão do Supremo que confirmou a restrição
à liberdade de alianças.
A polarização Lula-Alckmin interessa a ambos, mas a verticalização tornará mais difíceis alianças
nacionais para os dois pré-candidatos, bem como a formação de
coligações regionais.
O presidente deverá fazer mais
concessões a dois tradicionais
aliados, o PSB e o PC do B, para tê-los na aliança oficial. Deverá tentar convencer o PT a apoiar o presidente do PSB, Eduardo Campos, para o governo de Pernambuco, e a abrir mão da candidatura do ex-ministro da Saúde e petista Humberto Costa.
A tendência pefelista é se aliar
ao tucanos, mas a verticalização
restringirá a possibilidade de algumas alianças nos Estados. Assim, o PFL cobrará mais caro.
Com a verticalização, o número
de candidatos a presidente deverá
diminuir. Isso traz um risco para
Alckmin: o de Lula levar a eleição
já num primeiro turno polarizado
e sangrento entre PT e PSDB.
O governador paulista recebeu
uma boa notícia no domingo,
quando pesquisa Datafolha mostrou crescimento de sua intenção
de voto e estagnação de Lula. No
entanto, ainda está 19 pontos
atrás do presidente no primeiro
turno e 12 pontos no segundo.
O PMDB perde a possibilidade
de fazer jogo duplo. Parte da legenda apoiaria Lula mesmo com
candidato a presidente. No entanto, dentro do PMDB, perdem
mais Garotinho, que venceu prévia sem valor legal, e a ala oposicionista, que se enfraqueceu depois de o prefeito José Serra ter sido preterido na disputa tucana.
A ala governista trabalhará para
abortar o lançamento de Garotinho e fará pedida alta a Lula. Quer
o apoio do PT em 14 Estados.
Com exceção do PSOL, que deve lançar a senadora Heloísa Helena (AL) à Presidência, partidos
pequenos e médios deverão optar
entre não concorrer ao Planalto
ou se abrigar num grande guarda-chuva. É o caso do PPS do pré-candidato Roberto Freire, que
examina desistir da candidatura e
se aliar a PSDB e PFL.
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