São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 2006

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ANÁLISE

Decisão favorece polarização Lula-Alckmin e vitima Garotinho

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A manutenção da verticalização favorece uma tendência já em curso: a polarização entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) na eleição presidencial. E praticamente enterra a possibilidade de candidatura própria do PMDB ao Palácio do Planalto, fazendo do ex-governador Anthony Garotinho (RJ) a principal vítima da decisão do Supremo que confirmou a restrição à liberdade de alianças.
A polarização Lula-Alckmin interessa a ambos, mas a verticalização tornará mais difíceis alianças nacionais para os dois pré-candidatos, bem como a formação de coligações regionais.
O presidente deverá fazer mais concessões a dois tradicionais aliados, o PSB e o PC do B, para tê-los na aliança oficial. Deverá tentar convencer o PT a apoiar o presidente do PSB, Eduardo Campos, para o governo de Pernambuco, e a abrir mão da candidatura do ex-ministro da Saúde e petista Humberto Costa.
A tendência pefelista é se aliar ao tucanos, mas a verticalização restringirá a possibilidade de algumas alianças nos Estados. Assim, o PFL cobrará mais caro.
Com a verticalização, o número de candidatos a presidente deverá diminuir. Isso traz um risco para Alckmin: o de Lula levar a eleição já num primeiro turno polarizado e sangrento entre PT e PSDB.
O governador paulista recebeu uma boa notícia no domingo, quando pesquisa Datafolha mostrou crescimento de sua intenção de voto e estagnação de Lula. No entanto, ainda está 19 pontos atrás do presidente no primeiro turno e 12 pontos no segundo.
O PMDB perde a possibilidade de fazer jogo duplo. Parte da legenda apoiaria Lula mesmo com candidato a presidente. No entanto, dentro do PMDB, perdem mais Garotinho, que venceu prévia sem valor legal, e a ala oposicionista, que se enfraqueceu depois de o prefeito José Serra ter sido preterido na disputa tucana.
A ala governista trabalhará para abortar o lançamento de Garotinho e fará pedida alta a Lula. Quer o apoio do PT em 14 Estados.
Com exceção do PSOL, que deve lançar a senadora Heloísa Helena (AL) à Presidência, partidos pequenos e médios deverão optar entre não concorrer ao Planalto ou se abrigar num grande guarda-chuva. É o caso do PPS do pré-candidato Roberto Freire, que examina desistir da candidatura e se aliar a PSDB e PFL.


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