São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 2006

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Planalto nega ordem para violação de sigilo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Jaques Wagner (Relações Institucionais) negou ontem que tenha partido do Palácio do Planalto alguma orientação para que fosse violado o sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, mas insinuou que Costa agiu "a pedido de alguém" ao fazer acusações ao ministro Antonio Palocci (Fazenda). Já o presidente do Senado, Ranan Calheiros (PMDB-AL), elogiou Palocci e disse que não necessidade de ele depor novamente à comissão.
"É impossível falar qualquer coisa antes que uma investigação possa apontar qual foi a linha que fez essa quebra de sigilo. Assim como na investigação se verá se a história do caseiro é consistente ou foi produzida a pedido de alguém", afirmou Wagner durante seminário promovido ontem, em Brasília, pelo CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), órgão ligado à Presidência da República.
O ministro não quis dizer quem estaria por trás das denúncias feitas por Francenildo Costa. "Não sou eu que posso dizer isso, nem o governo, é a investigação", afirmou o ministro. "Eu posso garantir que do Palácio do Planalto não saiu nenhuma orientação para que se quebrasse a regra legal do estado democrático."

Testemunha
O caseiro é uma das testemunhas segundo quem Palocci freqüentava, em Brasília, uma casa que ficou conhecida como "casa do lobby". O ministro da Fazenda nega ter estado no local, onde se reuniam alguns de seus ex-assessores, como Vladimir Poleto, Rogério Buratti e Ralf Barquete, investigados por suspeitas de corrupção durante a gestão de Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto.
Depois que o testemunho de Francenildo veio a público, vazou para a imprensa um extrato de sua conta na Caixa Econômica Federal, mostrando depósitos de cerca de R$ 25 mil na sua conta.
Ontem, Wagner disse que a violação do sigilo bancário é "inadmissível num Estado de Direito", mas afirmou que Palocci continua no comando da Fazenda. "O presidente Lula sustenta a posição do ministro Palocci e, a menos que ao longo das investigações se revele alguma coisa que seja impeditiva, o ministro Palocci fica no cargo", declarou.

Renan
Renan Calheiros criticou ontem o prazo de 15 dias dado pela CEF (Caixa Econômica Federal) para descobrir quem violou o sigilo bancário do caseiro Francenildo, mas ficou ao lado do governo ao afirmar que não é necessário que o ministro Palocci compareça mais uma vez à CPI dos Bingos.
"O ministro Palocci já prestou muitos serviços ao Brasil, à estabilidade econômica e tem muitos serviços para prestar ainda. Ele sempre se colocou à disposição para, se for o caso, vir aqui. Mas acho que, por enquanto, não há nenhuma necessidade de que isso aconteça", declarou o senador.
Para Renan, a CEF deveria ser mais rápida na apuração do culpado pela divulgação do extrato bancário do caseiro.


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