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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PALOCCI EM APUROS
Palocci participa de reunião com o presidente Lula no Planalto; governo nega rumores de que ministro teria pedido demissão
CEF barra divulgação de nota de auditores
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Seis dias depois de violar o sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, a Caixa Econômica Federal abortou, ontem à noite, a divulgação de nota da comissão de
auditores encarregada de apontar
os responsáveis pelo crime.
A suspensão da nota e a notícia
de uma reunião no Planalto à noite entre o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e o ministro Antonio
Palocci Filho (Fazenda) aumentaram a temperatura da crise política. Durante todo o dia circularam
rumores de que o ministro havia
pedido demissão -a Folha apurou que isso não ocorreu. A assessoria do Planalto negou a hipótese
de o ministro sair.
A situação de Palocci, cuja reunião com Lula terminou somente
por volta das 22h, piorou depois
de divulgada a informação de que
um assessor seu teria recebido cópia dos extratos do caseiro.
No fim da tarde, a assessoria da
Caixa informou que "90%" do caso estava esclarecido e uma nota
seria divulgada em breve pela
equipe de auditores, cujos nomes
são mantidos sob sigilo. Pouco
depois das 21h, a divulgação da
nota foi descartada pela estatal.
Nesse intervalo, a assessoria de
imprensa da Caixa negou que a
violação do sigilo bancário tivesse
contado com a participação do vice-presidente de Segmento e Distribuição, à qual está subordinada
a Superintendência Nacional de
Rede. Negou ainda a acusação do
senador Heráclito Fortes (PFL-PI) de que estaria tentando apagar
os rastros da quebra do sigilo bancário do caseiro com a ajuda de
técnicos do Banco do Brasil.
A oposição reclama da demora
do governo para apresentar resultados da investigação e contesta
as dificuldades alegadas pela Caixa para chegar ao responsável pela quebra do sigilo. De acordo
com informações recebidas pela
CPI dos Bingos, o sistema da estatal guardaria uma "trilha de auditoria", com identificação da matrícula do funcionário, horário e
terminal de acesso aos dados.
Os rastros poderiam ser perseguidos pela área de tecnologia da
Caixa, comandada por Clarice
Copetti, convocada a depor na
CPI. A ida de Clarice à CPI está
agendada para a próxima terça.
Membros da CPI dos Bingos
usavam também dados do extrato
do caseiro para criticar a demora
da Caixa. Segundo eles, em três
páginas dos extratos entregues à
revista "Época" consta o código
H4A00000. Por meio desse código
seria possível identificar rapidamente o número do usuário da rede que acessou os dados.
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