São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PALOCCI EM APUROS

Palocci participa de reunião com o presidente Lula no Planalto; governo nega rumores de que ministro teria pedido demissão

CEF barra divulgação de nota de auditores

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Seis dias depois de violar o sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, a Caixa Econômica Federal abortou, ontem à noite, a divulgação de nota da comissão de auditores encarregada de apontar os responsáveis pelo crime.
A suspensão da nota e a notícia de uma reunião no Planalto à noite entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) aumentaram a temperatura da crise política. Durante todo o dia circularam rumores de que o ministro havia pedido demissão -a Folha apurou que isso não ocorreu. A assessoria do Planalto negou a hipótese de o ministro sair.
A situação de Palocci, cuja reunião com Lula terminou somente por volta das 22h, piorou depois de divulgada a informação de que um assessor seu teria recebido cópia dos extratos do caseiro.
No fim da tarde, a assessoria da Caixa informou que "90%" do caso estava esclarecido e uma nota seria divulgada em breve pela equipe de auditores, cujos nomes são mantidos sob sigilo. Pouco depois das 21h, a divulgação da nota foi descartada pela estatal.
Nesse intervalo, a assessoria de imprensa da Caixa negou que a violação do sigilo bancário tivesse contado com a participação do vice-presidente de Segmento e Distribuição, à qual está subordinada a Superintendência Nacional de Rede. Negou ainda a acusação do senador Heráclito Fortes (PFL-PI) de que estaria tentando apagar os rastros da quebra do sigilo bancário do caseiro com a ajuda de técnicos do Banco do Brasil.
A oposição reclama da demora do governo para apresentar resultados da investigação e contesta as dificuldades alegadas pela Caixa para chegar ao responsável pela quebra do sigilo. De acordo com informações recebidas pela CPI dos Bingos, o sistema da estatal guardaria uma "trilha de auditoria", com identificação da matrícula do funcionário, horário e terminal de acesso aos dados.
Os rastros poderiam ser perseguidos pela área de tecnologia da Caixa, comandada por Clarice Copetti, convocada a depor na CPI. A ida de Clarice à CPI está agendada para a próxima terça.
Membros da CPI dos Bingos usavam também dados do extrato do caseiro para criticar a demora da Caixa. Segundo eles, em três páginas dos extratos entregues à revista "Época" consta o código H4A00000. Por meio desse código seria possível identificar rapidamente o número do usuário da rede que acessou os dados.


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