São Paulo, sexta-feira, 23 de março de 2007

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Deputado atuou em favor de empresa que doou R$ 115 mil à sua campanha

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Novo ministro da Agricultura, o deputado Reinhold Stephanes (PMDB-PR) fez lobby em defesa da Supermax, fabricante de luvas de procedimento hospitalar, junto ao governo em meados do ano passado.
A empresa estava impedida de comercializar seus produtos. Pouco depois, a Supermax fez a maior doação da campanha do deputado: R$ 115 mil.
Depois de receber uma série de denúncias de que a Supermax importava e negociava no mercado nacional luvas de baixa qualidade e sem o devido registro, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proibiu, no dia 13 de julho, a venda dos produtos da empresa. Foi justamente aí que a Supermax acionou Stephanes.
O dirigente da empresa no Brasil, Sérgio Schemberk, explicou a razão da doação e a relação da Supermax com o provável ministro: "Ele foi um dos deputados que viu a injustiça que estava acontecendo contra a Supermax, que entendeu o lobby que estava acontecendo contra a Supermax, e foi por duas ou três vezes lá na Anvisa a nosso favor".
A Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados recebeu denúncia sobre o caso e aprovou uma investigação sobre a relação entre a Anvisa e a Supermax.
O caso foi remetido para o TCU (Tribunal de Contas da União). Em janeiro, o tribunal aprovou uma auditoria na Anvisa e, por conseqüência, a apuração das denúncias contra a Supermax.
Por meio de sua assessoria, Stephanes afirmou que fez tudo às claras, tendo procurado a Anvisa por meio da assessoria parlamentar do órgão.

Filho
Além de Stephanes, outros três políticos do Paraná receberam recursos da Supermax, entre os quais o seu filho, Reinhold Stephanes Júnior (R$ 38 mil), eleito deputado estadual pelo PMDB.
"Ele teve reunião lá com o presidente da Anvisa, querendo saber o que estava acontecendo", contou Schemberk. "Foi no ano passado, quando a empresa estava parada."
Cerca de um mês após a ida de Stephanes à agência, a Supermax fez a primeira doação ao deputado, R$ 100 mil, no dia 17 de agosto. Em setembro, a Anvisa liberou a comercialização das luvas da Supermax. No dia 17 de outubro, a Supermax doou mais R$ 15 mil. A campanha do deputado arrecadou um total de R$ 421.330.
"O Reinhold é conhecido da família. O filho dele é amigo, ele é amigo. E, sabendo que ele é deputado e que a gente sempre ajudou ele, sempre ajuda a campanha dele, nós pedimos para ele, e ele prontamente intercedeu e quis esclarecimentos da Anvisa quanto a essas resoluções aí", disse Schemberk.

Perseguição
O diretor da Supermax afirma que não há nem nunca houve quaisquer irregularidades na comercialização de seus produtos. Disse que, por esse motivo, após fiscalizar a empresa, a Anvisa liberou a venda das luvas.
Ele afirma que sua empresa foi alvo de uma perseguição de um grupo concorrente do interior do Estado de São Paulo.
Segundo os advogados da empresa, a Supermax não é alvo de investigação na Câmara, mas sim a Anvisa. A Proposta de Fiscalização e Controle número 128, aprovada no final do ano passado pela Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara, informa em seu enunciado "verificar denúncias de irregularidades comerciais praticadas pela empresa Supermax Brasil Importadora".
O ex-deputado Luiz Antonio Fleury (PTB-SP), que respondia pela relatoria da proposta de fiscalização, afirmou que a intenção era investigar tanto a Anvisa quanto a Supermax.


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