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Deputado atuou em favor de empresa que doou R$ 115 mil à sua campanha
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Novo ministro da Agricultura, o deputado Reinhold Stephanes (PMDB-PR) fez lobby
em defesa da Supermax, fabricante de luvas de procedimento hospitalar, junto ao governo
em meados do ano passado.
A empresa estava impedida
de comercializar seus produtos. Pouco depois, a Supermax
fez a maior doação da campanha do deputado: R$ 115 mil.
Depois de receber uma série
de denúncias de que a Supermax importava e negociava no
mercado nacional luvas de baixa qualidade e sem o devido registro, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
proibiu, no dia 13 de julho, a
venda dos produtos da empresa. Foi justamente aí que a Supermax acionou Stephanes.
O dirigente da empresa no
Brasil, Sérgio Schemberk, explicou a razão da doação e a relação da Supermax com o provável ministro: "Ele foi um dos
deputados que viu a injustiça
que estava acontecendo contra
a Supermax, que entendeu o
lobby que estava acontecendo
contra a Supermax, e foi por
duas ou três vezes lá na Anvisa
a nosso favor".
A Comissão de Defesa do
Consumidor da Câmara dos
Deputados recebeu denúncia
sobre o caso e aprovou uma investigação sobre a relação entre
a Anvisa e a Supermax.
O caso foi remetido para o
TCU (Tribunal de Contas da
União). Em janeiro, o tribunal
aprovou uma auditoria na Anvisa e, por conseqüência, a apuração das denúncias contra a
Supermax.
Por meio de sua assessoria,
Stephanes afirmou que fez tudo às claras, tendo procurado a
Anvisa por meio da assessoria
parlamentar do órgão.
Filho
Além de Stephanes, outros
três políticos do Paraná receberam recursos da Supermax, entre os quais o seu filho, Reinhold Stephanes Júnior (R$ 38
mil), eleito deputado estadual
pelo PMDB.
"Ele teve reunião lá com o
presidente da Anvisa, querendo saber o que estava acontecendo", contou Schemberk.
"Foi no ano passado, quando a
empresa estava parada."
Cerca de um mês após a ida
de Stephanes à agência, a Supermax fez a primeira doação
ao deputado, R$ 100 mil, no dia
17 de agosto. Em setembro, a
Anvisa liberou a comercialização das luvas da Supermax. No
dia 17 de outubro, a Supermax
doou mais R$ 15 mil. A campanha do deputado arrecadou um
total de R$ 421.330.
"O Reinhold é conhecido da
família. O filho dele é amigo, ele
é amigo. E, sabendo que ele é
deputado e que a gente sempre
ajudou ele, sempre ajuda a
campanha dele, nós pedimos
para ele, e ele prontamente intercedeu e quis esclarecimentos da Anvisa quanto a essas resoluções aí", disse Schemberk.
Perseguição
O diretor da Supermax afirma que não há nem nunca houve quaisquer irregularidades na
comercialização de seus produtos. Disse que, por esse motivo,
após fiscalizar a empresa, a Anvisa liberou a venda das luvas.
Ele afirma que sua empresa
foi alvo de uma perseguição de
um grupo concorrente do interior do Estado de São Paulo.
Segundo os advogados da
empresa, a Supermax não é alvo de investigação na Câmara,
mas sim a Anvisa. A Proposta
de Fiscalização e Controle número 128, aprovada no final do
ano passado pela Comissão de
Defesa do Consumidor da Câmara, informa em seu enunciado "verificar denúncias de irregularidades comerciais praticadas pela empresa Supermax
Brasil Importadora".
O ex-deputado Luiz Antonio
Fleury (PTB-SP), que respondia pela relatoria da proposta
de fiscalização, afirmou que a
intenção era investigar tanto a
Anvisa quanto a Supermax.
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