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São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 2003

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Começa julgamento de crime de 85

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

Os dois fazendeiros acusados de serem os mandantes do assassinato do sindicalista João Canuto Oliveira, em 18 de dezembro de 1985, em Rio Maria, sudeste do Pará, negaram envolvimento no caso no primeiro dia do julgamento, ontem, no Tribunal de Justiça do Pará, em Belém.
Os fazendeiros Vantuir Gonçalves de Paula e Adilson Carvalho Laranjeira, prefeito de Rio Maria na época, foram denunciados pelo Ministério Público do Estado por crime de homicídio culposo qualificado, e podem pegar de 12 a 30 anos de prisão.
O crime teve repercussão internacional. A demora no julgamento -quase 18 anos- levou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) a condenar o Brasil pela primeira vez, em 1999.
Pelo menos 500 pessoas ligadas a movimentos sociais e de direitos humanos acamparam pela manhã em frente ao Tribunal de Justiça. Houve um protesto contra a violência no campo com participação de artistas, que acompanharam o julgamento como representantes do Movimento Humanos Direitos.
Toda a família de Canuto estava no tribunal. "Ainda resta encontrar os outros mandantes, os intermediários e os dois pistoleiros do crime. Mas espero que seja feita Justiça e que eles [fazendeiros] sejam condenados", disse a filha do sindicalista, Luzia Canuto.
Em 1990, três filhos do sindicalista foram sequestrados e dois deles foram assassinados. O sucessor de Oliveira como presidente do sindicato, Expedito Ribeiro de Souza, foi assassinado em fevereiro de 1991 e o sucessor de Expedito, Carlos Cabral Pereira, genro de Oliveira, foi baleado e ferido, um mês depois. O diretor do sindicato, Braz de Oliveira, foi também assassinado em 1990.
O advogado dos fazendeiros, Sílvio Souza, defende a tese de que não há provas que envolvam os acusados no crime.
Até as 19h, três testemunhas de acusação haviam prestado depoimento e confirmado a participação dos fazendeiros no caso. A previsão é de que a sentença saia na madrugada de amanhã.


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