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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Presidente criticou a proibição de firmar convênios em que há liberação de dinheiro nos três meses que antecedem a eleição
Reclamações foram feitas
em evento com prefeitos,
no qual foram assinados
acordos que prevêem
R$ 1,3 bilhão para obras
Para Lula, restrição da lei eleitoral é atraso
PEDRO DIAS LEITE
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao mesmo tempo em que
aproveita os prazos da lei para
fazer inaugurações pelo país, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva criticou ontem a legislação eleitoral, que classificou de
"proibitiva" por não permitir a
realização de convênios três
meses antes das eleições. Lula
falou em "prejuízo à sociedade"
e "atraso na mentalidade política" para uma platéia de 70 prefeitos e autoridades municipais
no Palácio do Planalto.
Tratava-se de um evento sobre saneamento básico em que
foram assinados convênios que
somam R$ 1,3 bilhão. Lula criticou o artigo 73 da Lei Eleitoral,
que proíbe, nos três meses que
antecedem as eleições, "realizar transferência voluntária de
recursos, ressalvados os destinados a cumprir obrigação formal preexistente para execução de obra ou serviço em andamento e com cronograma prefixado; e os destinados a atender situações de emergência e
de calamidade pública".
"Por conta da eleição, a partir
de junho a gente não pode fazer
nenhum convênio. Se tiver dinheiro disponibilizado, vai ficar mofando aí, e a gente não
vai poder fazer nenhum convênio com nenhuma prefeitura
porque a lei no Brasil, lamentavelmente, é proibitiva", disse.
Lula falou de improviso por
dez minutos. "Você pára no
mês de junho de um ano e, depois, quando tem eleição para
prefeitos e vereadores. Depois
você pára seis meses quando
tem eleição para governador e
presidente da República, ou seja, de seis em seis meses é quase
um ano que você perde na possibilidade de fazer convênio
nas mais diferentes áreas."
Ao reclamar da proibição,
disse que "a prejudicada é a sociedade brasileira", pois "o fato
de você fazer convênio com
prefeito, com governador, não
significa absolutamente que
você está fazendo um favor".
Sem "cooptação"
Aproveitou ainda para atacar
quem criou a lei. "Eu imagino
que os legisladores imaginaram
que não poderiam dar dinheiro
muito perto das eleições porque parece cooptação eleitoral.
O que eu acho um atraso na
mentalidade política do nosso
país é essa criação de dificuldade para que você possa liberar
os recursos", disse.
Lula tem aproveitado o prazo
para viajar pelo país inaugurando obras e visitando comunidades sem ter de assumir que é
candidato em outubro. A legislação permite que ele oficialize
sua candidatura apenas depois
da convenção do partido (a do
PT será no dia 23 de junho).
Nos últimos meses, sob o argumento de fiscalizar obras,
Lula inaugurou aeroporto em
obras e foi a lançamentos de pedras fundamentais de universidades que não saíram do papel.
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