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Investigados citam 3 governadores do PT
Nomes de Wellington Dias (PI), Marcelo Déda (SE) e Jaques Wagner (BA) aparecem em conversas telefônicas do inquérito
Relatórios da PF tratam as menções aos três de forma lateral, já que não há indícios de que eles tiveram ou participaram de atos ilícitos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Três governadores do PT são
citados por integrantes da quadrilha investigada pela Operação Navalha. Wellington Dias
(PI) é citado por um dos presos
como participante de reuniões
nas quais foram discutidas
duas obras no Piauí cujas licitações teriam sido direcionadas
para a Gautama, apontada como a cabeça do esquema.
Além de Dias, aparecem nas
gravações telefônicas que fazem parte do inquérito sigiloso
tocado pela Polícia Federal os
governadores Jaques Wagner
(BA), descrito em diálogos como conhecido de Zuleido Veras, dono da Gautama, e Marcelo Déda (SE), que teria recebido
pleitos do esquema por meio do
vice, Belivaldo Chagas (PSB).
As menções aos três governadores são tratadas de forma lateral nos relatórios de inteligência da PF. Isso porque, apesar dos diálogos, a PF não reúne
indícios de que os governadores participaram ou tiveram conhecimento de atitudes ilícitas.
A situação se iguala à de Teotonio Vilela Filho (PSDB-AL)
-também citado, mas não incriminado diretamente pela
PF-, mas difere da do governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), apontado pela PF como integrante do esquema.
As citações a Wellington Dias
são feitas pelo lobista da área de
energia Sérgio Luiz Pompeu Sá,
preso pela PF. O lobista diz, em
conversa com uma funcionária
da Gautama, ter se encontrado
em 12 de julho de 2006 com
Wellington para discutir uma
obra do programa Luz para Todos que, segundo a PF, teve a licitação fraudada e superfaturamento de R$ 2 milhões.
No mesmo dia, Sérgio conta
ao dono da Gautama que se
reuniu em Brasília com Wellington e com o então ministro
Silas Rondeau (Minas e Energia). O lobista diz que combinou com o governador a execução de obra na BR-020 que seria direcionada para a Gautama
e para sua empresa, a Engemix.
"O Wellington Dias disse que
quando assinar o convênio com
a União, de delegação, aí ele se
comprometeu, ele pessoalmente, ir no Lula e pedir para
ser incluído no PPI (Projeto Piloto de Investimentos)", diz o
lobista Sérgio Sá na conversa.
Sobre Marcelo Déda, os
grampos trazem diálogos entre
o vice-governador do Estado,
Belivaldo Chagas, e o conselheiro do Tribunal de Contas de
Sergipe Flávio Conceição de
Oliveira Neto, também preso.
"Em razão da troca de governo, Flávio Conceição passou a
estreitar sua aproximação com
o vice-governador, Belivaldo
Chagas, a fim de obter vantagem para a organização criminosa", diz o relatório.
"Eu conversei com Jaques"
O encontro em que Zuleido
Veras combinou com o prefeito
de Camaçari, Luiz Carlos Caetano (PT), a realização de obras
no município aconteceu na sede da empresa Leiaute Propaganda, cujo diretor-presidente,
Sidônio Palmeira, foi o marqueteiro da campanha vitoriosa de Jaques Wagner na Bahia.
Ao fim do encontro, a PF flagrou um diálogo telefônico de
Veras com o filho Rodolpho:
"Eu conversei até com Jaques".
No relatório da PF, Zuleido
Veras aparece, em 8 de maio de
2006, telefonando para o celular do prefeito de Camaçari.
"Zuleido se identifica como
sendo Zuleido da Gautama, diz
que quer falar com [o] prefeito... Ilário [pessoa que atendeu
ao telefonema] diz que o telefone é do prefeito, mas não está
com ele agora, diz que vai entrar em contato com ele e passa
o número de Zuleido... Zuleido
diz [que] quem forneceu o número 9174-9174 foi Jaques
Wagner", diz o relatório da PF.
No dia seguinte, Zuleido e
Caetano se encontraram na
Leiaute. Após o encontro, Veras fala com o filho. "Zuleido fala que com Caetano foi bem...
foi uma reunião com ele sozinho... Rodolpho fala que está
ótimo... Zuleido fala "eu tinha
botado ontem essa reunião
com JW [Jaques Wagner]... então aconteceu hoje ao meio-dia... tô saindo de lá agora". (...)
Zuleido fala que amanhã arremata com ele [o prefeito]."
(LEONARDO SOUZA, ANDREZA MATAIS, RANIER BRAGON, SERGIO TORRES E LUIZ
FRANCISCO)
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