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Cópia da lista de Furnas difere do original
Carta aponta diferenças entre os papéis apresentados pelo lobista e contradições em suas declarações
DA REPORTAGEM LOCAL
O texto "original" da "lista de
Furnas", documento de cinco
páginas que registra supostos
financiamentos de campanha a
156 políticos durante a campanha eleitoral de 2002, é diferente da primeira cópia dos papéis que chegaram à Polícia Federal no final do ano passado.
Segundo a Folha apurou, há
diferença no local onde aparecem as rubricas atribuídas a
Dimas Toledo, ex-diretor de
engenharia de Furnas Centrais
Elétricas.
A lista, que registra um suposto esquema de caixa dois
que teria destinado R$ 40 milhões aos 156 políticos, foi declarada autêntica pelo INC
(Instituto Nacional de Criminalística) no dia 15 de junho.
Segundo o órgão, não houve
montagem e é verdadeira a assinatura de Dimas Toledo no
final do texto.
A autenticidade da lista foi
questionada por uma carta
apócrifa que, segundo a Folha
apurou, foi produzida por assessores do PSDB de Minas
-os tucanos são os principais
atingidos pela lista.
A carta faz referência a um
segundo laudo produzido pelo
INC e a outro do Instituto Del
Picchia, feitos sobre cópias da
lista e não sobre os papéis originais. Nos dois foram apontados indícios de fraude. As cópias foram apresentadas à PF
pelo lobista Nilton Monteiro,
que diz ter recebido a lista das
mãos de Dimas, no início de
2005, quando o então diretor
de Furnas tentava convencer
políticos de vários partidos a
mantê-lo no cargo. Depois, entregou os originais à PF. As
duas listas não coincidem.
"Confiante na sua impunidade e parecendo zombar da opinião pública, o sr. Nilton conseguiu o impensável: apresentar
um original que é diferente das
cópias a que teria dado origem", informa a carta apócrifa.
Ainda segundo o texto, os originais foram "fabricados" por
Nilton após ele ter sido pressionado com processos e indiciamento.
"Como os primeiros [as cópias] eram malfeitos, optou por
produzir novos papéis, onde
tentou corrigir os erros mais
gritantes apontados pelos peritos, como, por exemplo, a grosseira falsificação da assinatura", diz a carta.
O texto também critica a
atuação da Polícia Federal,
acusada de não ter iniciado nenhuma investigação contra
Nilton, mas de ter centrado os
trabalhos na tentativa de conferir veracidade à lista.
Num quadro anexado à carta
são apontadas dez supostas
contradições do lobista. Uma
delas é sobre a lista original.
Depois de afirmar à polícia e
em entrevistas que não tinha
mais os documentos, ele recuou e afirmou que tinha os documentos, mas precisava de garantias para apresentá-los.
Posteriormente, afirmou que
manteve os originais por seis
meses.
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