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Banco dos EUA exigiu pagamento
de dívidas atrasadas da Transbrasil
DE WASHINGTON
O financiamento de US$ 1 bilhão concedido pelo Eximbank
norte-americano ao Banco do
Brasil foi o fator principal que determinou a vitória da Raytheon
no processo de seleção do Sivam.
Para o governo brasileiro, o
banco dos EUA financiou 100%
dos equipamentos que o Brasil vai
comprar da Raytheon, em vez dos
85% usuais nesse tipo de contrato.
Além disso, teria optado pelo financiamento direto, enquanto o
concorrente, a francesa Thomson, optou por oferecer garantias
em lançamentos de títulos do governo brasileiro no exterior.
Mas documentos obtidos pela
Folha mostram que, para liberar
seu financiamento ao Brasil, o
Eximbank exigiu o pagamento de
dívidas atrasadas de companhias
aéreas, em especial as da Transbrasil, companhia que sofrera intervenção na década de 80.
O total das dívidas das companhias aéreas com o Eximbank
passava de US$ 300 milhões. A
Folha confirmou que ao menos
US$ 30 milhões foram pagos pelo
governo brasileiro, em 1996.
Essa exigência permeou todas
as negociações entre o governo
brasileiro e os americanos mesmo
depois do anúncio da vitória da
Raytheon, em julho de 1994. Em
diversas ocasiões, os norte-americanos chegaram a ameaçar cancelar o financiamento. No entanto,
para justificar a lentidão do financiamento, o governo brasileiro
preferiu colocar a culpa no "denuncismo" que cercava o Sivam e
na insistência do Congresso em
investigar suspeitas de irregularidades no processo de seleção da
Raytheon.
Em agosto de 1994, logo depois
de o Eximbank ter aprovado o financiamento para o projeto Sivam, o Departamento de Estado
enviou um telegrama à embaixada informando que o Congresso
dos EUA ainda teria que avaliar as
circunstâncias da oferta. "O presidente Brody [Ken Brody, do
Eximbank" notou que o Brasil
precisa pagar cerca de US$ 30 milhões em dívidas atrasadas da
Transbrasil antes que o Exim desembolse qualquer dinheiro para
o projeto do Sivam. Apesar de
promessas anteriores, o ministro
das Finanças [à época, Rubens Ricupero] ainda não formulou um
esquema de pagamento."
(MARCIO AITH)
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