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GOVERNO
Presidente da posse a diretores da ADA e Adene, que substituem Sudam e Sudene, respectivamente
Sem citar nomes, FHC rebate crítica de Roseana
SANDRO LIMA
SÍLVIA FREIRE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que não
é papel do governo apadrinhar
ninguém e que manterá a posição
de não dar "avisos prévios" aos
acusados de terem desviado verbas das extintas Sudam e Sudene.
Segundo ele, caberá à Justiça condenar quem realmente tem culpa
nos supostos desvios.
"O governo tem sido até muito
acusado de não dar prévios avisos, mas não dará a quem quer
que seja porque não é o papel do
governo, o de estar apadrinhando. Se não é o de estar perseguindo, e a gente sabe, estou longe de
aceitar qualquer tipo de perseguição, até porque politicamente fui
perseguido e não tenho nenhuma
simpatia por perseguições."
A afirmação foi feita ontem durante a solenidade, no Palácio do
Planalto, da posse dos novos diretores da ADA e da Adene, agências que substituíram, respectivamente, Sudam (Superintendência
do Desenvolvimento da Amazônia) e Sudene (Superintendência
do Desenvolvimento do Nordeste). Elas foram extintas em 2 de
maio de 2001 em meio a uma série
de denúncias de irregularidades.
Sem citar nomes, FHC se referiu
indiretamente às acusações da ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PFL) e de integrantes do PFL de que o governo teria
perseguido a então candidata à
Presidência para beneficiar o presidenciável do PSDB, José Serra.
No início de março, a PF (Polícia Federal) encontrou R$ 1,34
milhão em dinheiro na sede da
empresa Lunus, de propriedade
de Roseana e de seu marido, Jorge
Murad, durante operação de busca e apreensão autorizada pela
Justiça. O episódio culminou com
a saída do partido do governo e o
fim da candidatura da ex-governadora à Presidência.
Na época, integrantes do PFL
cobraram do governo não terem
sido avisados da operação da PF.
Na semana passada, o Ministério Público Federal denunciou a
ex-governadora, Murad, e o ex-senador Jader Barbalho (PMDB-PA) por participação no suposto
esquema de desvios de verbas da
Sudam. Assumiram a ADA
(Agência de Desenvolvimento da
Amazônia) Tereza Lusia Coelho
Rosa e da Adene (Agência de Desenvolvimento do Nordeste)
Evandro José Avelar.
Para FHC, o objetivo da mudança das agências é tornar o Estado mais transparente. Para ele,
os órgãos extintos eram "burocracias sem alma, que perderam o
rumo, quando não o caráter".
Para o presidente, nem sempre
é possível evitar desvios e corrupção, mas não se pode permitir que
essa prática seja sistêmica e nem
deixar de apurar as irregularidades. Segundo ele, as denúncias devem ser investigadas pelos procuradores e pela Justiça "depois de
apuradas efetivamente, se erro
houve, e não de antemão, simplesmente na mera suspeita".
Com as novas agências, os financiadores dos projetos irão
acompanhar sua execução e atestar a regularidade na aplicação
dos recursos. Além disso, um
banco de dados com os projetos
estará disponível para consultas
na internet.
Em seu discurso, FHC citou o
economista Celso Furtado, idealizador da Sudene, e pediu aos novos diretores que o espírito de desenvolvimento das regiões seja retomado nos órgãos criados.
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