São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 2002

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GOVERNO

Presidente da posse a diretores da ADA e Adene, que substituem Sudam e Sudene, respectivamente

Sem citar nomes, FHC rebate crítica de Roseana

SANDRO LIMA
SÍLVIA FREIRE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que não é papel do governo apadrinhar ninguém e que manterá a posição de não dar "avisos prévios" aos acusados de terem desviado verbas das extintas Sudam e Sudene. Segundo ele, caberá à Justiça condenar quem realmente tem culpa nos supostos desvios.
"O governo tem sido até muito acusado de não dar prévios avisos, mas não dará a quem quer que seja porque não é o papel do governo, o de estar apadrinhando. Se não é o de estar perseguindo, e a gente sabe, estou longe de aceitar qualquer tipo de perseguição, até porque politicamente fui perseguido e não tenho nenhuma simpatia por perseguições."
A afirmação foi feita ontem durante a solenidade, no Palácio do Planalto, da posse dos novos diretores da ADA e da Adene, agências que substituíram, respectivamente, Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) e Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste). Elas foram extintas em 2 de maio de 2001 em meio a uma série de denúncias de irregularidades.
Sem citar nomes, FHC se referiu indiretamente às acusações da ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PFL) e de integrantes do PFL de que o governo teria perseguido a então candidata à Presidência para beneficiar o presidenciável do PSDB, José Serra.
No início de março, a PF (Polícia Federal) encontrou R$ 1,34 milhão em dinheiro na sede da empresa Lunus, de propriedade de Roseana e de seu marido, Jorge Murad, durante operação de busca e apreensão autorizada pela Justiça. O episódio culminou com a saída do partido do governo e o fim da candidatura da ex-governadora à Presidência.
Na época, integrantes do PFL cobraram do governo não terem sido avisados da operação da PF.
Na semana passada, o Ministério Público Federal denunciou a ex-governadora, Murad, e o ex-senador Jader Barbalho (PMDB-PA) por participação no suposto esquema de desvios de verbas da Sudam. Assumiram a ADA (Agência de Desenvolvimento da Amazônia) Tereza Lusia Coelho Rosa e da Adene (Agência de Desenvolvimento do Nordeste) Evandro José Avelar.
Para FHC, o objetivo da mudança das agências é tornar o Estado mais transparente. Para ele, os órgãos extintos eram "burocracias sem alma, que perderam o rumo, quando não o caráter".
Para o presidente, nem sempre é possível evitar desvios e corrupção, mas não se pode permitir que essa prática seja sistêmica e nem deixar de apurar as irregularidades. Segundo ele, as denúncias devem ser investigadas pelos procuradores e pela Justiça "depois de apuradas efetivamente, se erro houve, e não de antemão, simplesmente na mera suspeita".
Com as novas agências, os financiadores dos projetos irão acompanhar sua execução e atestar a regularidade na aplicação dos recursos. Além disso, um banco de dados com os projetos estará disponível para consultas na internet.
Em seu discurso, FHC citou o economista Celso Furtado, idealizador da Sudene, e pediu aos novos diretores que o espírito de desenvolvimento das regiões seja retomado nos órgãos criados.


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