São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / PLANALTO

Dilma só fará campanha no RS, afirma Lula

Ministra teria ficado insatisfeita com decisão do presidente e argumentado que recebeu pedidos do PT para viajar pelo país

Atuação de José Múcio (Relações Institucionais) também está restrita, no seu caso, a PE; os outros ministros estão liberados


LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para tentar evitar problemas na reta final do seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva proibiu Dilma Rousseff (Casa Civil) de fazer campanha em Estados que não o Rio Grande do Sul, onde a ministra fez carreira. Dilma reclamou, argumentando que havia recebido pedidos do PT de subir em palanques pelo país.
Lula estendeu o veto a José Múcio (Relações Institucionais), que só poderá fazer campanha em seu Estado, Pernambuco, e liberou o restante do primeiro escalão.
Lula comunicou Dilma e Múcio da decisão ao fim da reunião de coordenação política do governo, na manhã de ontem. A ministra, tida como provável candidata do PT nas eleições presidenciais de 2010, ficou contrariada. "Chiou" com Lula, segundo relatos.
O presidente, entretanto, diz querer evitar os erros cometidos em 2004, quando os partidos que o apoiavam no plano federal se desgastaram na disputa pelas prefeituras, o que trouxe problemas para o governo no Congresso.
Já Múcio é o coordenador político do governo, incumbido da função de manter unidos os partidos aliados ao Planalto. Por isso, Lula não quer vê-lo envolvido em disputas regionais com estes mesmos partidos. O ministro disse, em ocasiões anteriores, que restringiria sua atuação ao seu Estado.
No caso de Dilma, Lula avalia que ela virou uma espécie de "vitrine" do governo, por ser coordenadora do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) e chefe da Casa Civil, tradicionalmente uma das pastas mais importantes. O raciocínio é que a presença dela em um palanque pode se confundir com a presença do governo, algo que pode provocar "ciumeira" e "disputas" entre siglas aliadas.
Dilma -esperada em Porto Alegre neste fim de semana para participar de comício da candidata do PT, Maria do Rosário, à prefeitura da cidade- não comentou a decisão oficialmente.
Subordinados do presidente acreditam que tanto ela quanto o PT devem pressionar o presidente, na tentativa de demovê-lo da decisão. Ontem, diante da reclamação de Dilma, Lula disse que "pensaria" no assunto.
O presidente já avisou que só vai subir em palanque naqueles Estados nos quais os partidos que apóiam o governo federal estiverem unidos. Portanto, sua participação só deve ser mais expressiva no segundo turno da disputa.

Reunião
A participação do primeiro escalão do governo nas eleições municipais foi tema de uma reunião ministerial no início de junho. À época, não houve acordo. Lula, Múcio e Franklin Martins (Comunicação Social) defenderam que as campanhas de todos os ministros se limitassem aos Estados de origem de cada um.
Mas o restante, sobretudo os que têm cargos nos diretórios dos partidos, não aceitou.
Eles argumentaram que, para ter uma relação partidária confiável, precisam ter uma atuação nacional e estar presentes nesses momentos de campanha política.
A idéia inicial do governo era fazer uma espécie de norma escrita, estipulando como cada ministro poderia agir, mas o projeto foi abandonado. Acabou sendo feito apenas uma cartilha com orientações jurídicas sobre como agir no período que antecede as eleições municipais.


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