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Réus da Satiagraha têm mais de 50% do fundo bloqueado
TRF suspende liquidação do Opportunity Special, determinada pelo juiz De Sanctis
Desembargadora Ramza Tartuce afirma que "não há garantia de que a medida atende o interesse público ou dos acusados em geral"
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os réus acusados pela prática
de crimes financeiros investigados na Operação Satiagraha,
entre eles o banqueiro Daniel
Dantas, do grupo Opportunity,
formam o grupo majoritário de
cotistas do fundo de investimentos Opportunity Special,
bloqueado desde setembro de
2008, após o surgimento de
suspeitas do uso da carteira para lavagem de dinheiro.
Anteontem os cotistas do
fundo obtiveram uma vitória
judicial: conseguiram no TRF
(Tribunal Regional Federal) da
3ª Região a suspensão da liquidação do fundo, que havia sido
determinada no dia 16 pelo juiz
federal Fausto De Sanctis.
Segundo dados dos procedimentos que levaram ao congelamento das operações do Opportunity Special no ano passado, Dantas possui 32,55% das
cotas do fundo. Dório Ferman,
presidente do banco Opportunity e também réu sob acusação de crimes financeiros, é cotista com participação de
23,08% na carteira.
Outros dois acusados, Verônica Dantas, irmã do banqueiro, e Norberto Aguiar Thomaz,
possuem, respectivamente,
0,44% e 0,06% das cotas do Opportunity Special.
Documentos dos procedimentos de bloqueio judicial
trazem indícios de relações de
parentesco e profissionais entre os cotistas do fundo, que até
o dia 17 de julho era formado
por 23 investidores. No mesmo
dia a carteira apontava patrimônio de R$ 954 milhões.
Em junho, os maiores ativos
da carteira eram de ações (R$
871 milhões) e cotas de fundos
(R$ 20 milhões).
As operações do fundo foram
bloqueadas em setembro passado após pedido do procurador da República Rodrigo de
Grandis. À época, o fundo contabilizava patrimônio de cerca
de R$ 500 milhões.
Ao acolher a denúncia sobre
crimes financeiros da Satiagraha, o juiz De Sanctis determinou a liquidação do fundo, ordenando a venda em 48 horas
de todos ativos da carteira, e
depósito dos valores resultantes da operação em uma conta
da Caixa Econômica Federal.
A medida foi tomada para
proteger os valores aplicados
no fundo das turbulências do
mercado internacional, segundo a decisão do juiz federal.
Porém os advogados do grupo Opportunity conseguiram
anteontem uma liminar para
suspender a liquidação do fundo até o julgamento final sobre
a legalidade da medida determinada por De Sanctis.
O despacho foi da desembargadora Ramza Tartuce, do TRF
da 3ª Região. Segundo a desembargadora, "na verdade, não há
garantia de que a medida atende
o interesse público ou dos acusados em geral, em caso de absolvição, como assevera o magistrado, até porque as variações imprevisíveis do mercado de capitais poderiam até mesmo acarretar menor prejuízo do que uma
liquidação antecipada e urgente
como a determinada nos autos".
Para Tartuce, a liquidação do
fundo também "traria consequências imprevisíveis no mercado financeiro".
A Procuradoria Regional da
República poderá apresentar recurso contra a decisão.
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