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DISTRIBUIÇÃO DE RENDA
Everardo Maciel evita falar sobre a proposta de ACM
Imposto sobre fortunas
é inviável, afirma Receita
da Sucursal de Brasília
O secretário da Receita Federal,
Everardo Maciel, disse ontem
que, da forma como está previsto,
o projeto de lei que cria o imposto
sobre grandes fortunas "não é
viável".
O projeto, em tramitação na Câmara, é de autoria do presidente
Fernando Henrique Cardoso e foi
apresentado quando ele era senador, em 1989.
Ao comentar anteontem proposta do presidente do Senado,
Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que defendeu a criação de
um imposto para combater a pobreza, FHC defendeu a aprovação
de seu projeto.
Everardo Maciel não quis falar
sobre a proposta de ACM, alegando que não discutiria "teses como
essa com base em um projeto".
Mas, ao ser questionado se esse
imposto poderia ser cobrado como uma espécie de IR (Imposto
de Renda), Maciel afirmou que,
sem "mudança constitucional, ele
não poderia ser cobrado das pessoas físicas".
"Ele (o projeto de FHC) foi concebido em circunstâncias diferentes das existentes hoje. Da forma
como o imposto está no projeto,
eu não acho viável e já falei isso
para o presidente", afirmou.
No atual mundo globalizado,
disse, a tributação sobre o patrimônio faria com que as pessoas
transferissem a titularidade dos
seus bens. Segundo ele, FHC
apresentou seu projeto numa
época diferente.
Segundo o secretário da Receita,
hoje, "com a volatilidade dos negócios, sem sombra de dúvidas,
os proprietários seriam todos
uruguaios". Everardo Maciel referia-se ao Uruguai, que é conhecido como paraíso fiscal.
A proposta de criar um imposto
sobre grandes fortunas chegou a
ser analisada pela Receita depois
da crise asiática. O governo, no
entanto, nunca se empenhou para
votar a proposta.
Na Comissão de Finanças e Tributação, líderes governistas impediram a votação do projeto.
Em maio do ano passado, o Fisco introduziu uma fórmula alternativa para tributar o patrimônio
-a incidência do Imposto de
Renda da Pessoa Física sobre heranças, partilhas de bens e doações-, considerada mais viável
em termos de arrecadação e de
fiscalização.
O presidente da Câmara, Michel
Temer (PMDB-SP), condicionou
ontem a votação do projeto de
FHC à decisão política dos líderes
governistas. "Se os líderes decidirem colocar na pauta do plenário,
eu colocarei", afirmou Temer.
Neste caso, a votação poderia
ocorrer no início de agosto.
O líder do PSDB na Câmara, Aécio Neves (MG), defendeu a votação do projeto. "Pelo componente simbólico, eu queria que ele estivesse incluído na reforma tributária", disse.
O deputado Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), novo secretário-geral da Presidência, disse ontem,
após despacho com o presidente
interino Marco Maciel, que ACM
tem "legitimidade" para acrescentar temas na discussão da reforma tributária.
A comissão especial de reforma
tributária tende a não mexer no
imposto sobre grandes fortunas.
O relator da reforma, deputado
Mussa Demes (PFL-PI), deverá
manter o texto atual da Constituição, que prevê a criação do imposto, mas condiciona sua aplicação à aprovação de lei específica.
"Não tenho entusiasmo pela
proposta. Seria mais interessante
aprimorar os impostos sobre patrimônio e renda", disse o deputado Antonio Kandir (PSDB-SP),
ex-ministro do Planejamento de
FHC e integrante da comissão de
reforma tributária.
Líderes petistas cobram o apoio
dos governistas para aprovar outros projetos de distribuição de
renda. Na proposta de reforma
tributária, o PT sugere a criação
do imposto de solidariedade e do
imposto de renda negativo (veja
quadro). Também está parado na
Câmara o projeto do senador
Eduardo Suplicy (PT-SP) que cria
o programa de garantia de renda
mínima.
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