São Paulo, sexta-feira, 23 de agosto de 2002

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IMPOSTOS

Aécio se encontra com líderes para viabilizar alteração na Constituição

FHC diz que, com MP, efeito cascata acaba só após eleição

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso já decidiu que, se tiver de editar uma MP (medida provisória), o fim da cumulatividade do PIS/Pasep para estimular as exportações somente virará realidade após as eleições de outubro. A proposta vem sendo chamada de minirreforma tributária.
FHC quer evitar desgaste político com setores de sua base que resistem ao fim da cumulatividade do tributo. A chance de a medida ser implementada mais rapidamente, portanto, depende da difícil obtenção de um acordo no Congresso na próxima semana.
O projeto está pronto para ser votado no plenário da Câmara, mas enfrenta oposição da agroindústria e do setor de serviços, que teriam aumento da carga tributária com a mudança nas regras de cobrança do PIS/Pasep. Ontem, por exemplo, a Acel (associação que representa as empresas de telefonia móvel), esteve com o ministro Juarez Quadros (Comunicação) e pediu que o setor não seja incluído no projeto.
Além das resistências, a campanha eleitoral, que tira os deputados de Brasília, dificulta a votação da proposta, também defendida pelos principais candidatos à sucessão de FHC. No encontro com os presidenciáveis, FHC se disse favorável à medida.
O projeto em tramitação no Congresso acaba com o efeito cascata (cobrança do tributo em todas as etapas da cadeia produtiva sem compensação) do PIS/Pasep e isenta as exportações do pagamento desse tributo. A proposta também prevê que, em 14 meses, o governo envie projeto para acabar com o efeito cascata da Cofins (Contribuição Social para Financiamento da Seguridade).

Aécio
O presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), se encontra hoje com Fernando Henrique e disse que vai se empenhar por essa solução, mas admite as dificuldades. "Se não for possível, vou dizer ao presidente que ele está liberado para editar uma medida provisória", afirmou Aécio.
No entanto, Aécio avalia que a edição de uma MP "não seria boa" para a imagem do Congresso: "O Congresso tem de fazer um esforço para votar essa matéria, que interessa ao país. É um sinal positivo para a comunidade internacional e uma forma de mostrar que estamos trabalhando em período eleitoral".
Aécio afirmou que se reunirá com líderes para tentar aprovar a regulamentação do artigo 192 da Constituição, que trata do sistema financeiro, com o compromisso de não aprovar neste governo eventual independência do Banco Central. Isso é fundamental para que o apoio da oposição seja garantido, diz Aécio.
O presidente da Câmara disse que ainda há tempo viável para desfazer o erro na redação da lei que corrigiu a tabela de Imposto de Renda deste ano para arrecadar mais com impostos em 2003 e que isso deverá ser realizado "após as eleições".
Segundo o presidente da Câmara, o próprio governo disse que não tirará proveito do erro para obter ganho de receita no ano que vem. A decisão de como isso deverá ser feito poderá ser tomada por Fernando Henrique em conjunto com o presidente eleito, a partir de outubro.
A lei nš 10.451 determinou que o limite de isenção mensal passaria de R$ 900 para R$ 1.058 e corrigiu a tabela de desconto na fonte e os abatimentos em 17,5%. A lei determina ainda que essa mudança vai valer no período entre janeiro e dezembro de 2002.
Esse prazo de vigência foi incluído por equívoco no Congresso ao alterar o texto da medida provisória enviada pelo governo, além de corrigir a tabela, prorrogava para o ano de 2003 a alíquota de 27,5% do IR para quem ganha hoje acima de R$ 2.115.



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