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INVESTIGAÇÃO
Promotoria quer quebrar sigilos bancário e telefônico de ex-governador e indisponibilizar bens no exterior
Fleury negociou ouro na Suíça, diz ação
ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Promotoria de Justiça da Cidadania ingressou ontem com
uma ação cautelar contra o ex-governador paulista Luiz Antonio
Fleury Filho (PTB), na qual o acusa de ter negociado ouro na Suíça.
A ação é assinada pelos promotores Andréa Chiaratti do Nascimento Rodrigues Pinto e Silvio
Antonio Marques, que pedem a
quebra do sigilo bancário de
Fleury, a partir de janeiro de 1991.
Também são réus na ação, e sujeitos ao mesmo pedido, o ex-funcionário público Frederico Pinto
Ferreira Coelho Neto, irmão do
ex-governador e conhecido como
"Lilico", o empresário José Pascoal Constantini e outras cinco
empresas: Atlas DTVM (Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários), Atlas Factoring Fomento Mercantil, Únicos Comércio e
Administração, Únicos Construtora e MPA Comércio.
Na petição inicial da ação cautelar, o nome de "Lilico" foi incorretamente grafado como "Fernando" em vez de Ferreira".
Os promotores também pediram à Justiça que decrete a indisponibilidade dos bens e importâncias eventualmente depositadas no exterior em nome dos réus
e que a Justiça solicite às autoridades da Suíça e dos Estados Unidos
cópias dos extratos das contas que
os réus eventualmente mantenham nesses países.
A Promotoria pediu, ainda, a
decretação da quebra do sigilo das
ligações telefônicas internacionais dos réus e de suas declarações de Imposto de Renda.
Finalmente, os promotores pedem que sejam enviadas cartas
rogatórias ao Escritório Federal
de Justiça da Suíça em Berna e para o Departamento de Justiça dos
Estados Unidos, para pedir que
sejam cumpridas as decisões
eventualmente tomadas pela Justiça brasileira. A ação está na Fazenda Pública de São Paulo.
Investigação
O Ministério Público do Estado
de São Paulo iniciou as investigações sobre o ex-governador
Fleury quando um ex-motorista
da Atlas foi autuado pela Receita
Federal por ter movimentado irregularmente mais de R$ 31 milhões, no ano passado.
A partir daí, Hilário Sestini Júnior, que foi funcionário da Atlas,
prestou depoimentos ao promotor José Carlos Blat, nos quais falou sobre a suposta participação
de Fleury em eventuais irregularidades cometidas pela Atlas.
Sestini Júnior está sendo processado por ter, supostamente,
desviado cerca de 57 kg de ouro
da Atlas. Ele nega a acusação e diz
que se trata de uma represália.
A testemunha entregou ao Ministério Público cópia de um depósito de mais de 40,7 kg de ouro,
no valor de 600 mil francos suíços
(cerca de R$ 1,2 milhão) feito em
uma empresa de Zurique, na Suíça. Ele diz que acompanhou pessoalmente a remessa do ouro.
Na ação, o Ministério Público
diz suspeitar que o dinheiro tenha
origem pública. Segundo a Promotoria, a Único Construtora
Ltda, que é sócia da Atlas, deve
contratos com a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo) no
governo Fleury (1993-96).
O MP ainda não sabe o valor
dos contratos entre a Atlas e a
CDHU, mas afirma já ter pedido
informações.
Outras três testemunhas disseram ao MP ter visto Fleury na sede da Atlas. Marco Antônio de
Souza Pereira, portador de valores da empresa, fez declaração por
escrito sobre o assunto.
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