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PROPAGANDA POLÍTICA
Liminar do tribunal veta repetição da entrevista em que candidato do PPS chama ouvinte de "burro"
TSE proíbe Serra de usar imagem de Ciro
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Tribunal Superior Eleitoral
concedeu ao presidenciável Ciro
Gomes (PPS) liminar que proíbe
o candidato do governo, José Serra (PSDB), de usar em sua propaganda gratuita o áudio e a imagem do adversário na entrevista
em que Ciro chamou de "burro"
um ouvinte de rádio da Bahia.
A liminar, concedida pelo ministro auxiliar Caputo Bastos em
representação movida por Ciro,
tem efeito direto apenas sobre essa declaração.
Mas, em sua decisão, Bastos criticou duramente o uso do horário
eleitoral na televisão e no rádio
para desqualificar adversários.
Sua posição poderá ser explorada
politicamente na campanha.
"Creio que o eleitor não espera
que o horário eleitoral seja utilizado para agressões, intrigas e/ou
qualquer outra hipótese que desborde dos fins a que se destina o
precioso tempo reservado pela
Lei Eleitoral", disse o ministro.
O horário, completou, "não deve ser utilizado para shows pirotécnicos e/ou competição de recursos tecnológicos".
A liminar vale para os programas e para os comerciais inseridos ao longo da programação.
Durante todo o dia de ontem,
no entanto, continuaram a ser
veiculadas as inserções com a entrevista em que Ciro chamou o
ouvinte da rádio de "burro".
Depois de ouvir a campanha de
Serra, caberá a esse ministro examinar o mérito do processo e decidir se o governista deve ou não
perder um minuto de seu programa para direito de resposta do adversário. Qualquer que seja o resultado, o perdedor poderá recorrer ao plenário do TSE.
Em razão dos prazos estipulados para os recursos e seu exame,
o direito de resposta, caso seja
concedido, não deverá ir ao ar antes da próxima quinta-feira.
Serra fez vários ataques a Ciro
no programa de terça-feira, mas
os advogados Torquato Jardim e
Hélio Parente Filho só contestaram a veiculação da resposta ao
ouvinte da rádio "Metrópole".
O argumento, aceito por Caputo Bastos, foi que, ao omitir a pergunta, a propaganda distorceu o
sentido da frase e fez montagem
de áudio, o que é proibido.
Os programas de Serra exibidos
ontem à tarde e à noite não mencionaram Ciro. Nelson Biondi,
publicitário do tucano, diz que o
material foi entregue às 7h, antes,
portanto, da decisão do ministro.
De acordo com Biondi, não
houve mudanças na propaganda
em razão da liminar. Segundo ele,
o material não continha ataques
por decisão da campanha tucana.
O áudio do "burro" foi utilizado
nos programas de rádio de Serra
da manhã e da hora do almoço.
Depois da fita entrou o personagem Tony Show da Paraíba, âncora do horário tucano: "O pior é
que ele não vai mudar. Vamos repetir para o povo não esquecer".
Ontem à tarde, a campanha de
Ciro planejava recorrer contra a
utilização do material no rádio.
No contra-ataque à movimentação judicial de Ciro, o advogado
Eduardo Alckmin, de José Serra,
entrou com nova representação
no TSE contra a aparição do candidato do PPS no horário dos candidatos ao governo de São Paulo e
ao Senado apoiados por ele.
Alckmin já havia contestado essa participação em outro processo, movido anteontem. O ministro auxiliar do TSE Peçanha Martins pediu informações a Ciro para decidir se concede a liminar.
Desde anteontem, são quatro
processos: direito de resposta de
Ciro contra Serra, representação
do tucano contra a aparição de Ciro nos programas paulistas, direito de resposta da Petrobras contra
Lula (PT), sem decisão, e uma representação de Serra contra a
aparição de Lula na propaganda
de Pernambuco. No último caso,
o pedido de liminar foi negado.
Colaboraram LAURA MATTOS e RENATA LO PRETE da Reportagem Local
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