CLÁUDIA CROITOR
DA REPORTAGEM LOCAL

O marqueteiro da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência, Duda Mendonça, usou no programa eleitoral petista da tarde de ontem o mesmo recurso que já havia utilizado na campanha de Paulo Maluf (PPB) ao governo de São Paulo, em 98.
O programa de Lula foi todo dedicado a mostrar um projeto de farmácia popular, que vende medicamentos a preços reduzidos.
O modelo do projeto, como a própria propaganda cita, foi criado no governo de Miguel Arraes no Pernambuco, com o nome de Lafepe -e foi utilizado como uma das propostas da campanha de Maluf ao governo paulista.
Arraes, como Maluf, teve a campanha feita por Duda Mendonça nas eleições de 1998, quando tentou a reeleição e foi derrotado.
O programa de Lula, que batizou o projeto de "Farmácia Popular", foi até o Recife para mostrar como funciona a farmácia, onde a apresentadora comprou remédios e comparou seus preços aos dos medicamentos comprados em uma drogaria convencional.
É a mesma estratégia que havia sido usada na campanha malufista de 98, na qual o projeto levava o nome de "Farmácia do Povo": a equipe do programa de Maluf foi ao Recife para mostrar, in loco, como funcionava a Lafepe, comparando os preços dos medicamentos com os adquiridos em uma farmácia particular.
No programa petista, a conta da drogaria convencional foi de R$ 34,16; a da farmácia subsidiada foi de R$ 4,70. Na propaganda malufista, os preços foram R$ 52,28 e R$ 9,39, respectivamente.
Além disso, as falas dos dois candidatos são semelhantes.
Lula, ontem: "O deputado Eduardo Jorge [PT] me chamou a atenção para um projeto muito interessante que já existia em Pernambuco. Uma rede de farmácias com remédios a preços populares, que passou a fazer parte do meu plano de governo".
Maluf, em 98: "Eu tenho acompanhado, no Brasil, vários projetos na área social. Há pouco tempo, soube de um projeto muito interessante, do governador Miguel Arraes. Imediatamente, procurei conhecer mais detalhes".
Por duas vezes o programa do PT ressaltou que foi um deputado do partido -Eduardo Jorge- o autor do projeto de lei que originou os medicamentos genéricos. A lei é uma das principais bandeiras da campanha presidencial do tucano José Serra, que é ex-ministro da Saúde.
No programa noturno, Lula voltou a falar de saúde, mas sem mencionar os remédios: apresentou a equipe que cuida dessa área na elaboração de seu programa de governo e apontou algumas medidas para melhorar o atendimento nos hospitais públicos.



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