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Tucano pede que Tasso vá a Conselho de Ética
RAYMUNDO COSTA
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de saber ser difícil obter
uma punição, o coordenador do
programa de governo do tucano
José Serra, o prefeito de Vitória
(ES), Luiz Paulo Vellozo Lucas,
subiu o tom dos ataques ao ex-governador tucano Tasso Jereissati
(CE) a fim de tentar evitar uma
debandada no PSDB.
Vellozo Lucas pediu ontem que
Tasso seja submetido ao Conselho de Ética do PSDB, por causa
da carta que divulgou anteontem
se desligando da campanha de
Serra. O gesto objetiva intimidar
Tasso e conter a dissidência no
PSDB a favor de Ciro Gomes
(PPS). O ex-governador tem feito
articulações políticas e empresariais para o candidato do PPS.
"Se ele [Tasso] tiver dignidade,
vai pedir para sair do partido",
disparou Vellozo Lucas, já sabendo que o PSDB não convocará o
conselho. O prefeito quis apenas
marcar uma posição, que, aliás,
não é endossada por toda a campanha Serra nem pelo presidente
Fernando Henrique Cardoso.
Não interessa ao candidato um
enfrentamento interno neste momento. Implementada a estratégia de desconstrução de Ciro, Serra acredita que estará no segundo
turno e unirá o partido.
Serra, segundo o líder do PSDB,
Jutahy Júnior (BA), considerou
até "agressiva" a declaração dada
por FHC sobre a dissensão de
Tasso, segundo a qual a carta fora
uma "punhalada pela frente". O
próprio Jutahy avalia a posição do
presidente como uma defesa: "Na
minha terra, ruim é tomar facada
pelas costas. Pela frente é só delito. Por trás, é traição".
Tasso divulgou a carta após
consultar o coordenador político
de Serra, Pimenta da Veiga (MG),
e o presidente da Câmara, Aécio
Neves (MG). Eles acharam melhor o tucano do Ceará esclarecer
agora sua posição.
Objetivos
O movimento de Tasso também
é conveniente para os tucanos que
não desejam apoiar Luiz Inácio
Lula da Silva (PT), caso Serra não
vá para o segundo turno. Tasso
tem dois objetivos imediatos:
1) Tentar impedir que o presidente Fernando Henrique Cardoso apóie Lula na segunda fase. O
candidato do PSDB e seu entorno
já decidiram que, entre Lula e Ciro, ficarão com o petista.
O presidente será pressionado
por Tasso a ficar neutro, assumindo posição de magistrado. O ex-governador também quer inibir
eventuais articulações de FHC para avalizar Lula perante o mercado -principal desejo petista em
relação ao presidente.
2) Arregimentar apoios tucanos
para Ciro já no primeiro turno,
pavimentando caminho para
abocanhar o máximo possível de
adesões no segundo turno.
Caso Serra fique fora do segundo turno, as situações estaduais
ditarão o destino das seções regionais do PSDB. Tasso, cotado para
ser o principal nome político de
um eventual governo Ciro -como ministro da Fazenda, por
exemplo-, crê que poderá arregimentar o apoio de grande parte
da bancada federal do PSDB e o
apoio de caciques importantes.
A interlocutores, Tasso disse
que estava se sentindo incomodado com a pecha de "traidor" e resolveu assumir de vez sua opção.
Na carta, ele não diz que fará campanha por Ciro. Mas alegou questões regionais, sua aliança informal com o PPS do Ceará e a amizade com Ciro para dizer que se
retiraria da campanha.
Em conversa com o conselheiro
político da Embaixada dos Estados Unidos, William Barr, Vellozo Lucas disse que só 15 dias após
o início do horário eleitoral gratuito a campanha terá condições
de avaliar as reais possibilidades
do tucano na eleição.
O conselheiro norte-americano
está conversando com todas as
campanhas à Presidência.
Colaborou RAQUEL ULHÔA, da Sucursal
de Brasília
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