São Paulo, sexta-feira, 23 de agosto de 2002

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Livre, Tasso pavimenta apoio da "direita" a Ciro

PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A oficialização da saída do ex-governador cearense Tasso Jereissati da campanha presidencial de José Serra (PSDB) e seu aceno público em direção ao afilhado político Ciro Gomes (PPS) tiveram como objetivo consolidar o apoio de setores da direita ao candidato da Frente Trabalhista.
Segundo integrantes da coordenação da campanha de Ciro, os recentes enfrentamentos do presidenciável com parte do empresariado e a turbulência no mercado levaram o ex-governador tucano a praticamente assumir em público o trabalho que já vinha executando nos bastidores da campanha do PPS à Presidência.
Diante do fraco desempenho de Serra na disputa, havia, entre os aliados de Ciro, o temor de que empresários e banqueiros acabassem optando pela candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por causa dos ataques do pepessista ao mercado financeiro nacional e internacional.

Peito aberto
Figura de destaque no mundo empresarial e político brasileiro, Tasso passa a atuar, agora de "peito aberto", como definiram integrantes da Frente, na cooptação de empresários, de políticos de partidos como o PSDB e o PFL, e de representantes do mundo acadêmico, como o economista José Alexandre Scheinkman.
A adesão do economista à candidatura Ciro, tida como fundamental para diminuir a desconfiança do mercado em relação ao candidato, foi acertada após reunião de cerca de nove horas. Além de Ciro e do próprio Scheinkman, apenas Tasso e um empresário participaram das negociações.
Estiveram também ligados ao tucano os rumores sobre a possibilidade de manutenção de seu amigo pessoal e presidente do Banco Central, Armínio Fraga, no comando da instituição durante parte de um eventual governo Ciro Gomes.
Embora hoje mais distante, a hipótese chegou a ser cogitada no auge da crise cambial que tomou conta do país nos últimos dias.
A expectativa na Frente Trabalhista é também a de que pefelistas até hoje alinhados a Serra migrem para a candidatura do pepessista com a "chegada" do tucano. Para os próximos dias, dão como praticamente certa, por exemplo, uma declaração favorável a Ciro do governador do Piauí, Hugo Napoleão (PFL).

PSDB
Avaliam que a presença de Tasso deverá facilitar ainda a construção de uma ponte com o PSDB. Uma estimativa otimista da Frente Trabalhista prevê que, com Tasso, Ciro terá o apoio de cerca de 85% do PSDB para o segundo turno da eleição.
Alguns apostam que uma debandada tucana poderá ser iniciada até mesmo antes disso, caso Serra não consiga melhorar sua posição nas pesquisas de intenção de voto após cerca de 10 dias de exposição no horário eleitoral gratuito. A adesão dos governadores trará como benefício adicional, acreditam, também a vinda de deputados ligados aos mesmos partidos em vários Estados.
Com isso, os aliados de Ciro esperam não só consolidar a ida do pepessista para o segundo turno, como também responder com atitudes às afirmações de Serra de que ele não seria um candidato confiável. A partir daí, pretendem concentrar atenções em Lula, atual líder nas pesquisas.



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