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Livre, Tasso pavimenta apoio da "direita" a Ciro
PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A oficialização da saída do ex-governador cearense Tasso Jereissati da campanha presidencial de
José Serra (PSDB) e seu aceno público em direção ao afilhado político Ciro Gomes (PPS) tiveram
como objetivo consolidar o apoio
de setores da direita ao candidato
da Frente Trabalhista.
Segundo integrantes da coordenação da campanha de Ciro, os
recentes enfrentamentos do presidenciável com parte do empresariado e a turbulência no mercado levaram o ex-governador tucano a praticamente assumir em
público o trabalho que já vinha
executando nos bastidores da
campanha do PPS à Presidência.
Diante do fraco desempenho de
Serra na disputa, havia, entre os
aliados de Ciro, o temor de que
empresários e banqueiros acabassem optando pela candidatura de
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por
causa dos ataques do pepessista
ao mercado financeiro nacional e
internacional.
Peito aberto
Figura de destaque no mundo
empresarial e político brasileiro,
Tasso passa a atuar, agora de "peito aberto", como definiram integrantes da Frente, na cooptação
de empresários, de políticos de
partidos como o PSDB e o PFL, e
de representantes do mundo acadêmico, como o economista José
Alexandre Scheinkman.
A adesão do economista à candidatura Ciro, tida como fundamental para diminuir a desconfiança do mercado em relação ao
candidato, foi acertada após reunião de cerca de nove horas. Além
de Ciro e do próprio Scheinkman,
apenas Tasso e um empresário
participaram das negociações.
Estiveram também ligados ao
tucano os rumores sobre a possibilidade de manutenção de seu
amigo pessoal e presidente do
Banco Central, Armínio Fraga, no
comando da instituição durante
parte de um eventual governo Ciro Gomes.
Embora hoje mais distante, a hipótese chegou a ser cogitada no
auge da crise cambial que tomou
conta do país nos últimos dias.
A expectativa na Frente Trabalhista é também a de que pefelistas até hoje alinhados a Serra migrem para a candidatura do pepessista com a "chegada" do tucano. Para os próximos dias, dão como praticamente certa, por exemplo, uma declaração favorável a
Ciro do governador do Piauí, Hugo Napoleão (PFL).
PSDB
Avaliam que a presença de Tasso deverá facilitar ainda a construção de uma ponte com o
PSDB. Uma estimativa otimista
da Frente Trabalhista prevê que,
com Tasso, Ciro terá o apoio de
cerca de 85% do PSDB para o segundo turno da eleição.
Alguns apostam que uma debandada tucana poderá ser iniciada até mesmo antes disso, caso
Serra não consiga melhorar sua
posição nas pesquisas de intenção
de voto após cerca de 10 dias de
exposição no horário eleitoral
gratuito. A adesão dos governadores trará como benefício adicional, acreditam, também a vinda de deputados ligados aos mesmos partidos em vários Estados.
Com isso, os aliados de Ciro esperam não só consolidar a ida do
pepessista para o segundo turno,
como também responder com
atitudes às afirmações de Serra de
que ele não seria um candidato
confiável. A partir daí, pretendem
concentrar atenções em Lula,
atual líder nas pesquisas.
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