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'Propaganda ofensiva atrai mais o público'
Folha - Qual é o papel da propaganda política televisada numa
campanha presidencial nos EUA?
Paul Waldman - Seu papel é
enorme. Ela representa ao menos
a metade do dinheiro gasto pelos
candidatos nas campanhas. Os
políticos têm em mente dois tipos
de veiculação na mídia: o pago e o
gratuito. Este é tudo o que sai nos
jornais ou na cobertura feita pela
televisão e pelo rádio.
A mídia paga é aquela que demanda dinheiro para ser veiculada. Ou seja, nos EUA, a propaganda na TV. Para os candidatos, o
problema da mídia gratuita é que
sempre há alguém entre eles e os
eleitores, como os repórteres. São
pessoas que filtram as informações que chegam ao público.
Ademais, em grandes países,
como os EUA e o Brasil, o eleitorado raramente tem contato direto com os candidatos, o que reforça a importância da mídia.
Folha - É possível analisar a eficácia da propaganda política na TV?
Waldman - Há algumas variáveis
que determinam seu grau de eficácia. No sistema americano, os
candidatos vivem lutando contra
a falta de atenção do público em
relação às eleições. Eles sabem
que a maioria das pessoas não
pensa realmente no pleito e buscam atingi-la via televisão.
Num caso como o brasileiro, em
que há horário gratuito na TV, as
pessoas que assistem à propaganda eleitoral são de certo modo
mais politizadas. Isso faz com que
as mensagens passadas ao público sejam relativamente diferentes.
Aqui tudo é muito simples porque cada propaganda política só
dura 30 segundos. No Brasil, em
tese, como podem ter mais tempo, alguns candidatos têm a possibilidade de passar uma mensagem mais complexa, desenvolvendo um raciocínio elaborado.
Folha - As propagandas que surtem mais resultados positivos são
as em que há ataques aos adversários ou aquelas em que os candidatos apresentam suas propostas?
Waldman - As duas formas não
se excluem mutuamente. É possível que um candidato ataque seu
oponente sem entrar no âmbito
pessoal. Ele pode ser contrário a
tópicos do programa de seu adversário e, assim, buscar atacar esses aspectos na televisão.
Se diz respeito a questões importantes, a crítica ao oponente é
perfeitamente válida. Porém, se é
gratuita, a acusação tende a aborrecer o eleitorado. É legitimo dizer: creio nisso e quero fazer aquilo enquanto meu oponente pensa
isso e pretende fazer aquilo, mostrando aos eleitores que há verdadeiras diferenças de opinião.
Segundo estudos, as propagandas políticas que realmente marcaram os eleitores foram aquelas
em que havia ataques. De acordo
com psicólogos, tendemos a prestar mais atenção às coisas negativas. Do ponto de vista da evolução da humanidade, um homem
das cavernas provavelmente ficasse mais preocupado com a
presença de um tigre por perto do
que com a de um belo pássaro.
Assim, a propaganda ofensiva
tende a ser mais lembrada do que
aquela em que um candidato expõe idéias. Se prestarmos atenção
às propagandas eleitorais recentes, veremos que as que são positivas raramente falam de questões
programáticas. Elas mostram o
candidato com sua família, brincando com seu cachorro etc.
Normalmente, diferenças de
conteúdo são tratadas em propagandas em que há verdadeiros
ataques. O problema é que esse tipo de propaganda pode provocar
o repúdio de uma parcela do eleitorado. Com isso, os candidatos
procuram tomar cuidado, pois, às
vezes, o feitiço vira contra o feiticeiro, o que nenhum marqueteiro
quer que ocorra com seu cliente.
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