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JULGAMENTO DO MENSALÃO
Governo espera justiça sem paixão, diz Dilma
Walfrido dos Mares Guia rejeita tese de que o Planalto também está sendo julgado pelo STF; Lula não assistiu à reunião
Na avaliação do governo, discurso de acusação de Antonio Fernando foi duro
e adjetivado, e hoje já será possível ter idéia da decisão
Alan Marques/Folha Imagem
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Ministro Joaquim Barbosa, relator do caso do mensalão no Supremo Tribunal Federal, veste toga na primeira sessão do julgamento |
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse ontem que o
governo espera que o STF (Supremo Tribunal Federal), tome
uma decisão sobre a denúncia
do mensalão "sem paixões". Indagada sobre o que esperava do
resultado do julgamento, respondeu: "O governo espera que
se faça justiça, sem paixões".
Dilma, que tem bom relacionamento com o ex-ministro
José Dirceu, tem adotado publicamente atitude de cautela
quanto à decisão do STF, seguindo orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Já o ministro Walfrido dos
Mares Guia (Relações Institucionais) recusou a tese de que o
governo estaria também submetido a um julgamento na
análise da denúncia contra os
40 acusados de integrar o mensalão, o mais grave escândalo
de corrupção dos quase seis
anos de governo Lula.
"O governo não está em julgamento no STF, não concordo
com essa tese. Pessoas que participaram do governo é que estão sendo julgadas, não o governo", disse Mares Guia.
Sem tempo
Com um dia de agenda cheia,
Lula não teria tido tempo de assistir pela TV a algumas partes
da reunião do STF. Assessores
disseram ao presidente que o
procurador-geral da República,
Antonio Fernando de Souza,
fez um discurso duro e com adjetivos, segundo expressão de
um deles. A cúpula do governo
avalia que hoje, no segundo dia
da reunião do STF, será possível ter idéia mais clara sobre
qual será a decisão.
Ontem, no primeiro dia do
julgamento, ministros usaram
a internet para consultas e para
trocar mensagens.
Durante as principais falas,
do ministro Joaquim Barbosa,
relator, e do procurador-geral,
autor da denúncia, ao menos
dois ministros navegavam pela
rede e conversavam virtualmente pelo sistema do STF.
Depois de ler o relatório, Joaquim Barbosa dedicou-se a ler e
escrever no laptop. E, já na fase
da apresentação dos advogados, o próprio procurador também usava seu computador.
Toga e água
As togas, negras e longas, são
vestidas por ministros e advogados ao fazerem suas manifestações. O relator Barbosa, porém, não teve muita sorte. Enquanto falava, a toga escorria
pelo seu ombro.
O transtorno do procurador
foi outro: se molhou ao derrubar o copo d'água. E o do decano dos advogados presentes,
José Carlos Dias, mais perigoso: tropeçou e quase caiu. Havia
dois médicos de plantão, não
acionados. Foram servidos café
e água aos participantes.
Os advogados se sentaram lado a lado. Um deles reclamou
alto da "ritualística bacharelesca". Mas Luiz Francisco Barbosa, que representa o ex-deputado Roberto Jefferson, pivô do
mensalão e cassado pela Câmara, dizia que estava achando tudo "muito engraçado".
Colaborou ELIANE CANTANHÊDE,
colunista da Folha
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