|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ROMBO AMAZÔNICO
Ordem está suspensa até terça-feira, quando será julgado o mérito da legalidade do mandado de prisão
Justiça suspende ordem de prisão de Jader
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
O TRF (Tribunal Regional Eleitoral) da 1ª Região, em Brasília,
decidiu ontem suspender a ordem de prisão preventiva do ex-senador Jader Barbalho (PMDB-PA) e do candidato a deputado estadual pelo PMDB José Artur
Guedes Tourinho. Eles são acusados de fraudes na extinta Sudam
(Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia).
O desembargador do TRF Plauto Ribeiro concedeu, em parte, a
liminar que pedia o habeas corpus do ex-senador e de Tourinho,
ex-superintendente da Sudam. A
ordem está suspensa até a próxima terça-feira, quando será julgado o mérito da legalidade do
mandado de prisão pela 3ª turma
do TRF, em Brasília.
Para conceder o habeas corpus,
o desembargador baseou-se na legislação eleitoral, que proíbe a
prisão de candidatos num período de 15 dias antes das eleições,
exceto em caso de flagrante.
Jader é candidato nesta eleição a
deputado federal e Tourinho é
candidato a deputado estadual,
ambos no Pará.
O desembargador alegou em
sua decisão que a medida visa
adotar "cautela e prudência" no
julgamento do caso.
Jader e Tourinho eram procurados pela Polícia Federal em cinco
Estados desde quarta-feira e estavam foragidos.
Prisão preventiva
Na quarta-feira, o juiz da 2ª Vara Federal do Mato Grosso Jeferson Schneider decretou a prisão
preventiva de Jader, Tourinho e
do empresário goiano José Osmar
Borges, além de mais outras cinco
pessoas. Dois foram presos.
Todos foram denunciados pelo
Ministério Público Federal acusados de terem desviado US$ 68 milhões (R$ 231,5 milhões na cotação de sexta) de verbas da Sudam
entre 96 e 99.
Esse caso corre na Justiça Federal do Mato Grosso porque as empresas envolvidas são daquele Estado. Há inquéritos sobre a Sudam em outros Estados, como
Tocantins e Pará.
A assessoria de imprensa de Jader informou que ele deverá intensificar a campanha eleitoral a
partir de terça-feira, após a decisão do tribunal. A intenção do ex-senador é usar o pedido de prisão
na reta final da campanha política, com a alegação de que foi vítima de uma "armação".
Segundo sua assessoria, "Jader
será o deputado federal com a
maior votação na história do Pará" e "a sua prisão reacendeu sua
liderança política e a resposta do
povo será dada nas urnas".
Jader estava sendo esperado no
aeroporto de Belém ontem à noite. Ele viria de avião de um local
ignorado, e deveria chegar na madrugada de hoje.
Tourinho
Já Tourinho aproveitou a suspensão do pedido de prisão e fez
uma aparição pública no estádio
Mangueirão, onde assistiu o jogo
entre Paysandu e Ponte Preta.
Presidente do Paysandu, Tourinho foi aplaudido pela torcida.
O delegado da Polícia Federal
no Pará Maurício Castelo Branco
recebeu o fax da decisão do TRF
por volta das 13h30 e confirmou
que as buscas estavam suspensas.
Para um dos advogados de Jader, Edson Messias, ""a expectativa é de que a decisão seja mantida
pelo tribunal na terça-feira e Jader
possa retomar sua campanha
normalmente".
Segundo o advogado, Jader permaneceu no Pará nos últimos dias
e ontem estava "cansado e exausto psicologicamente".
Outras prisões
Foi a segunda vez que Jader e
Tourinho tiveram a prisão decretada pela Justiça por causa de acusações de fraude na Sudam.
Desta vez, Jader e Tourinho tiveram a prisão decretada por envolvimento com o empresário
Borges, acusado de ser um dos
maiores fraudadores da Sudam.
Segundo o Ministério Público Federal, a prisão foi decretada por
causa de R$ 246 milhões que o
grupo Pirâmide, de Borges, teria
desviado da entidade.
Na quebra de sigilos telefônicos
de Borges e Jader, o Ministério
Público encontrou mais de mil ligações telefônicas entre os dois. O
procurador Pedro Taques disse
que pediu a prisão por causa do
alto valor desviado.
Ao lado de Tourinho, o ex-senador foi preso pela Polícia Federal
em fevereiro, em Belém, e levado
ao Tocantins, acusado pelo Ministério Público Federal de comandar uma "organização criminosa" que fraudou em R$ 132 milhões a extinta Sudam -R$ 14
milhões teriam beneficiado Jader.
Na ocasião, eles foram liberados
no mesmo dia por meio de um
habeas corpus. Os dois negaram
envolvimento com fraudes em
depoimento à Justiça Federal realizado em março.
Os dois também foram denunciados por desvios de verbas destinadas ao projeto Usimar, que recebeu R$ 44,2 milhões da Sudam
e não saiu do papel.
Texto Anterior: Entrevista da 2ª: Incógnita sobre próximo governo explica dólar alto Próximo Texto: Brasil profundo: Crianças madrugam e remam para ir à aula Índice
|