São Paulo, terça-feira, 23 de outubro de 2007

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Outro lado

Funcionários dizem que não havia concurso

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor-geral, Agaciel Maia, ingressou no Senado em 1977 após um teste de datilografia. Hoje ocupa o posto mais alto da Casa, com salário que ultrapassa os R$ 30 mil, se contabilizados os benefícios acumulados.
Ele alega que na época não havia concurso e que quando sua mulher, Sanzia, ingressou na Casa eles não eram casados: "As pessoas vêm trabalhar, se casam e isso não significa nepotismo". Ela hoje é subordinada ao marido.
A secretária-geral da Mesa, Cláudia Lyra, entrou na Casa em 1981 a convite do senador José Sarney, então no PDS, como sua assessora. Hoje ocupa o segundo posto mais importante da Casa e ganha R$ 18 mil líquidos mensais. Ela diz que fez três concursos fora do Senado "para mostrar que é capaz" e passou em dois em primeiro lugar, mas não fez uma prova específica para a Casa.
Sobre suas filhas, diz que ingressaram no Senado por conta própria e são "imprescindíveis": "O Senado precisa de concurso e não vejo que se tenha de penalizar uma pessoa por causa do sobrenome. Disse para minhas filhas que elas precisariam trabalhar dobrado porque seriam cobradas pelo sobrenome".
O cunhado dela, Carlos Eduardo Bicalho, afirmou que conheceu Martha Lyra já no Senado e que ingressou na Casa a convite de Arthur da Távola, nos anos 90.
Antes de Cláudia, quem respondia pela Secretaria Geral da Mesa era Raimundo Carreiro. Ele ingressou no Senado em 1968 "por indicação". Hoje é ministro do Tribunal de Contas da União: "Nenhum comentário. Isso já foi objeto de várias matérias de jornal. É um assunto morto para mim", disse sobre os parentes no Senado.
Procurado, João Carlos Zoghbi não ligou de volta. Sua cunhada, Deliane Zoghbi, subordinada a ele, disse que é funcionária requisitada do Senado e que não foi beneficiada pelo parentesco: "Nunca atrapalhou, como nunca me ajudou".
A senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), afirma que entrou no Senado em 82 e que sua função era fazer consultoria. Em 90 se licenciou do Senado para trabalhar com o pai e depois para disputar eleições. "Pedi licença sem remuneração."
Sarney e João Baére também não foram encontrados.
"Não tem instrumento de controle na legislação que impeça o nepotismo. No Senado há um número de comissionados significativo", disse o presidente do Sindilegis, Magno Melo. (AM)


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