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Outro lado
Funcionários dizem que não havia concurso
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O diretor-geral, Agaciel
Maia, ingressou no Senado
em 1977 após um teste de datilografia. Hoje ocupa o posto mais alto da Casa, com salário que ultrapassa os R$ 30
mil, se contabilizados os benefícios acumulados.
Ele alega que na época não
havia concurso e que quando
sua mulher, Sanzia, ingressou na Casa eles não eram
casados: "As pessoas vêm
trabalhar, se casam e isso não
significa nepotismo". Ela hoje é subordinada ao marido.
A secretária-geral da Mesa, Cláudia Lyra, entrou na
Casa em 1981 a convite do senador José Sarney, então no
PDS, como sua assessora.
Hoje ocupa o segundo posto
mais importante da Casa e
ganha R$ 18 mil líquidos
mensais. Ela diz que fez três
concursos fora do Senado
"para mostrar que é capaz" e
passou em dois em primeiro
lugar, mas não fez uma prova
específica para a Casa.
Sobre suas filhas, diz que
ingressaram no Senado por
conta própria e são "imprescindíveis": "O Senado precisa de concurso e não vejo que
se tenha de penalizar uma
pessoa por causa do sobrenome. Disse para minhas filhas
que elas precisariam trabalhar dobrado porque seriam
cobradas pelo sobrenome".
O cunhado dela, Carlos
Eduardo Bicalho, afirmou
que conheceu Martha Lyra já
no Senado e que ingressou
na Casa a convite de Arthur
da Távola, nos anos 90.
Antes de Cláudia, quem
respondia pela Secretaria
Geral da Mesa era Raimundo
Carreiro. Ele ingressou no
Senado em 1968 "por indicação". Hoje é ministro do Tribunal de Contas da União:
"Nenhum comentário. Isso
já foi objeto de várias matérias de jornal. É um assunto
morto para mim", disse sobre os parentes no Senado.
Procurado, João Carlos
Zoghbi não ligou de volta.
Sua cunhada, Deliane Zoghbi, subordinada a ele, disse
que é funcionária requisitada do Senado e que não foi
beneficiada pelo parentesco:
"Nunca atrapalhou, como
nunca me ajudou".
A senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), afirma que
entrou no Senado em 82 e
que sua função era fazer consultoria. Em 90 se licenciou
do Senado para trabalhar
com o pai e depois para disputar eleições. "Pedi licença
sem remuneração."
Sarney e João Baére também não foram encontrados.
"Não tem instrumento de
controle na legislação que
impeça o nepotismo. No Senado há um número de comissionados significativo",
disse o presidente do Sindilegis, Magno Melo.
(AM)
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