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FHC usa proposta para pressionar Congresso
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo propôs um salário
mínimo de R$ 173 ciente de que a
iniciativa seria mal recebida pelo
Congresso, mas com dois objetivos: 1) Pressionar os parlamentares a aprovar projetos de seu interesse que estão parados e 2) Deixar claro que, se o Legislativo insistir na remuneração de R$ 180,
terá de ajudar o Tesouro a encontrar fontes de financiamento.
O principal da proposta do governo se resume a usar o R$ 1,6 bilhão previsto para emendas de
deputados e senadores como parte dos recursos totais que permitiriam um mínimo de R$ 173.
Esse R$ 1,6 bilhão está contigenciado (grosso modo, dinheiro
preso que costuma ser liberado a
conta-gotas) e é usado para a política miúda dos parlamentares em
suas bases (estradas, pontes, escolas etc.). Logo, Fernando Henrique Cardoso sabe que jamais será
aceita. Não foi à toa que o governo
já sinalizou que, se o Congresso
aprovar outras fontes de financiamento, devolverá aos parlamentares a cobiçada verba.
Exemplo de projeto de interessa
do governo: um que autoriza a
criação dos fundos de pensão para o funcionalismo está trancando
a pauta da Câmara desde 10 de
outubro. A Casa não vota nada há
mais de 40 dias. Outro exemplo:
faz pelo menos três anos que o
Executivo tenta aprovar a contribuição previdenciária dos servidores inativos. FHC já disse que
esse recurso (até R$ 1,5 bilhão por
ano) ajudaria a elevar o mínimo.
Os outros R$ 300 milhões que
complementariam a verba necessária para um mínimo de R$ 173
se resumem a um corte de 1% nas
despesas de custeio (gastos que
garantem o funcionamento da
máquina pública). Naturalmente,
o governo não executa todas as
suas despesas. Economizar essa
quantia é um esforço para inglês
ver. Isso acontecerá de qualquer
jeito. O governo pode até, se apertar os cintos, salvar mais dinheiro.
A novela do mínimo deve continuar, com FHC dizendo que deseja R$ 180 -forma de não deixar
que ACM e o PT fiquem como
pais da criança se ela nascer.
(KENNEDY ALENCAR)
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