São Paulo, domingo, 23 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Resultado fraco põe lideranças em xeque

Eles ganharam espaço nas bancadas após escândalos do mensalão e dos sanguessugas e saíram das urnas revigorados

Já na sua 1ª missão, ministro José Múcio não conseguiu aprovar a CPMF no Senado; "vitória ou a derrota é do país", afirma Romero Jucá

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O fraco desempenho do governo no Congresso põe em xeque as novas lideranças na base aliada que ganharam espaço nas bancadas após escândalos como o do mensalão e dos sanguessugas e saíram das urnas revigorados, especialmente na Câmara dos Deputados.
Da Câmara, saiu o novo coordenador político do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É o ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais), que, logo em sua primeira missão, não conseguiu juntar 49 votos para prorrogar a CPMF no Senado. Terminou o ano derrotado, ao lado do líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR).
"O governo não tem 49 votos firmes no Senado. A vitória ou a derrota não é minha, é do país", afirma Jucá.
Múcio substituiu Walfrido dos Mares Guia, que deixou o cargo chamuscado pelas denúncias de participar do valerioduto tucano.

Senado
No Senado, o governo ainda assistiu a uma rebelião na bancada do PMDB (a maior da Casa, com 20 cadeiras), que derrubou a criação da Secretaria de Planejamento de Longo Prazo, destinada a Roberto Mangabeira Unger. Os peemedebistas, que mais tarde passaram a ser chamados de "franciscanos", queriam cargos e blindagem do Planalto ao senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
A nova safra de articuladores na Câmara dos Deputados não conseguiu dar andamento a prioridades do governo nem grandes projetos, como as reformas tributária e política e o pacote de segurança pública.
Além disso, uma das críticas dos líderes governistas pelo revés da CPMF no Senado é que a tramitação da emenda constitucional na Câmara foi lenta, o que apertou os prazos. O chamado imposto do cheque só foi votada em segundo turno pelos deputados em 8 de outubro.
Os líderes admitem o mau desempenho, mas transferem a culpa para o Executivo com o argumento do excesso de medidas provisórias enviadas ao Legislativo.
"O grande fluxo de medidas dificultou o andamento da produtividade. Para o ano que vem, temos que trabalhar para o governo enviar MPs apenas realmente urgentes", disse o líder do PR, Luciano Castro (RR).
Apesar de reconhecerem erros, os líderes aliados argumentam, no entanto, que a Câmara não pode ser tratada como "fábrica de produção em massa". "Não temos que competir com anos anteriores. A Câmara não é uma fábrica que tem que produzir sem parar", disse Jovair Arantes (GO), líder do PTB.
(MARIA CLARA CABRAL E SILVIO NAVARRO)


Texto Anterior: Maioria dos projetos vai para a gaveta
Próximo Texto: Quantidade de sessões solenes bateu recorde
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.