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No Pontal, novos grupos preocupam UDR
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
em Presidente Prudente
O surgimento de novos movimentos de sem-terra no Pontal do
Paranapanema (extremo oeste de
São Paulo) preocupa tanto o MST
como a UDR.
O MST já não tem o monopólio
na região. Os trabalhadores estão
fragmentados em pelo menos dez
novos movimentos.
Com pouco poder de negociação
com o governo, os novos grupos
apelam para a ousadia e a violência. Desde setembro do ano passado, 11 pessoas ficaram feridas e 3
foram feitas reféns em ações de
sem-terra desvinculados do MST.
Fazem parte destes novos movimentos, em sua maioria, os
sem-terra que não foram assentados por não cumprir as exigências
do Incra e do Itesp (Instituto de
Terras do Estado de São Paulo).
"Eles pensam que, se juntando a
líderes radicais, vão conseguir seu
lote na marra", diz a coordenadora do Itesp, Tânia Andrade.
O fim da unidade dos sem-terra
foi um dos temas do encontro regional que o MST realizou há dois
meses na região.
Para o líder José Rainha Jr., os
movimentos criados nos últimos
meses "têm vida curta" e podem
estar sendo manipulados por políticos. "Esse pessoal pode se tornar
um instrumento da direita."
Violência
O presidente da UDR (União
Democrática Ruralista), Roosevelt
Roque dos Santos, diz que o governo, ao ceder às pressões dos
sem-terra, estimula o surgimento
de novos grupos.
Para o ruralista, o MST já não
controla os sem-terra, o que pode
gerar mais violência.
"O MST tem endereço, líder conhecido. Os outros, nem sabemos
quem são, não têm compromisso
com nada", disse Santos.
A dissidência cresceu depois que
o MST desmontou seis acampamentos na região para concentrar
todas as famílias na fazenda Santa
Clara, em Mirante do Paranapanema (640 km a oeste de SP).
Pioneiro nas invasões no Pontal,
o sem-terra João Mendes não gostou da decisão e tentou manter um
acampamento com a bandeira do
MST em Tarabai (610 km a oeste
de SP). Durou poucos dias.
Ele foi expulso do MST. Mendes
montou então o Movimento Terra
e Cidadania, que tenta estender à
região de Avaré.
Há pouco mais de um mês, 64
famílias deixaram Mendes para
formar um outro grupo, o Movimento Terra da Esperança, que
acampou em uma fazenda em Presidente Bernardes (605 km a oeste
de São Paulo).
Recém-promovido a líder, Pedro José da Silva, 53, que também
passou pelo MST, ensaia um discurso crítico aos próprios
sem-terra.
"O MST tem matador de boi de
fazendeiro. Nós, não. A gente entrou na fazenda e está cuidando do
gado do dono, ele comprou", afirma Silva.
O ex-caminhoneiro Richard Sorigotti, 27, se tornou, em novembro, o único dirigente do Movimento Terra Brasil. Ele vinha da
Associação Brasileiros Unidos
Querendo Terra.
Só em janeiro, Sorigotti comandou seus sem-terra em dois tiroteios com seguranças da fazenda
Natal, em Caiuá (650 km a oeste de
São Paulo). A família do fazendeiro Armando Alves afirma que os
sem-terra, encapuzados e armados, mantiveram o administrador
da fazenda como refém.
"Ainda vamos entrar em muita
fazenda", diz ele, que invadiu a fazenda Porto Velho, em Presidente
Epitácio (675 km a oeste de São
Paulo), há um mês.
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