São Paulo, sábado, 24 de março de 2007

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Na posse de Marta, Lula diz que ministra é "traidora de classe"

Presidente faz elogios à petista e afirma que ela governou para pobres em SP e pode ocupar "qualquer cargo no mundo"

Para ex-prefeita, que disse que crise aérea é "problema sério", o Ministério do Turismo poderá ser "porta de saída do Bolsa Família"


FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de ser submetida a um longo processo de desgaste político, durante o processo da reforma ministerial, a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy foi compensada ontem com fartos elogios do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cerimônia em que foi empossada como ministra do Turismo.
"Antes da Marta ser eleita eu fiz um sobrevôo com ela de helicóptero e confesso a vocês que voltei para casa pensando o seguinte: só um doido quer governar São Paulo. [...] Sempre acho o seguinte: alguém que foi prefeita de São Paulo pode ter qualquer cargo no mundo", disse o presidente, para logo em seguida atribuir a derrota da ex-prefeita na eleição municipal de 2004 a "preconceito".
"A Marta é uma traidora de classe, ela traiu a classe dela, porque resolveu fazer uma política para os pobres que jamais foi feita naquela cidade. [...] E isso alguns setores não perdoam nunca", afirmou Lula. Marta, apontada como uma pré-candidata à Presidência em 2010, nasceu em uma família rica dos Jardins, bairro nobre de São Paulo.
Marta, que chegou a ter o nome cotado para Cidades e Educação, assumiu o Turismo reconhecendo que o apagão aéreo é um "problema sério".
"O apagão aéreo é um problema sério e espero que seja resolvido na área de sua competência [a Defesa]. A crise nos aeroportos prejudica [o setor], mas o impacto nos números ainda não apareceu", disse ela.
A crise com atrasos e cancelamentos de vôos surgiu após o acidente da Gol, em setembro de 2006, em que morreram 154 pessoas. O turismo é um dos setores mais sensíveis aos problemas surgidos nos aeroportos.
"O povo brasileiro está tendo bastante paciência com essa situação, que espero que acabe o mais rápido possível", afirmou.
Mas ela deixou claro que não vê no seu ministério competência para resolver o problema -a menos que a Infraero (estatal que administra os aeroportos) seja ligada à pasta, como chegou a ser cogitado.

Porta de saída
O Turismo foi um prêmio de consolação a Marta, que preferia uma pasta mais importante politicamente, com mais recursos, como Cidades ou Educação. "O Turismo é um ministério enxuto", admitiu Marta.
De qualquer forma, a ministra assumiu disposta a expandir ao máximo a importância da pasta. Prometeu que o Turismo terá maior inserção na estratégia global do governo de distribuir renda, criando empregos e capacitando jovens carentes. "Podemos ajudar nas portas de saída do Bolsa Família."
Lançou ainda a idéia da venda pacotes turísticos populares, com financiamento pago com desconto em folha (o chamado crédito consignado).
"Precisamos promover a igualdade social. [...] Temos de inserir o turismo na cesta de consumo", afirmou ela.
Marta foi evasiva quando instada a dizer se poderia deixar o ministério para disputar a eleição municipal. "Só digo que vou me dedicar ao Ministério do Turismo de corpo e alma."


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