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Na posse de Marta, Lula diz que ministra é "traidora de classe"
Presidente faz elogios à petista e afirma que ela governou para pobres em SP e pode ocupar "qualquer cargo no mundo"
Para ex-prefeita, que disse que crise aérea é "problema sério", o Ministério do Turismo poderá ser "porta de saída do Bolsa Família"
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de ser submetida a
um longo processo de desgaste
político, durante o processo da
reforma ministerial, a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy foi compensada ontem
com fartos elogios do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na
cerimônia em que foi empossada como ministra do Turismo.
"Antes da Marta ser eleita eu
fiz um sobrevôo com ela de helicóptero e confesso a vocês que
voltei para casa pensando o seguinte: só um doido quer governar São Paulo. [...] Sempre acho
o seguinte: alguém que foi prefeita de São Paulo pode ter
qualquer cargo no mundo", disse o presidente, para logo em
seguida atribuir a derrota da
ex-prefeita na eleição municipal de 2004 a "preconceito".
"A Marta é uma traidora de
classe, ela traiu a classe dela,
porque resolveu fazer uma política para os pobres que jamais
foi feita naquela cidade. [...] E
isso alguns setores não perdoam nunca", afirmou Lula.
Marta, apontada como uma
pré-candidata à Presidência
em 2010, nasceu em uma família rica dos Jardins, bairro nobre de São Paulo.
Marta, que chegou a ter o nome cotado para Cidades e Educação, assumiu o Turismo reconhecendo que o apagão aéreo é
um "problema sério".
"O apagão aéreo é um problema sério e espero que seja resolvido na área de sua competência [a Defesa]. A crise nos
aeroportos prejudica [o setor],
mas o impacto nos números
ainda não apareceu", disse ela.
A crise com atrasos e cancelamentos de vôos surgiu após o
acidente da Gol, em setembro
de 2006, em que morreram 154
pessoas. O turismo é um dos setores mais sensíveis aos problemas surgidos nos aeroportos.
"O povo brasileiro está tendo
bastante paciência com essa situação, que espero que acabe o
mais rápido possível", afirmou.
Mas ela deixou claro que não
vê no seu ministério competência para resolver o problema
-a menos que a Infraero (estatal que administra os aeroportos) seja ligada à pasta, como
chegou a ser cogitado.
Porta de saída
O Turismo foi um prêmio de
consolação a Marta, que preferia uma pasta mais importante
politicamente, com mais recursos, como Cidades ou Educação. "O Turismo é um ministério enxuto", admitiu Marta.
De qualquer forma, a ministra assumiu disposta a expandir ao máximo a importância da
pasta. Prometeu que o Turismo
terá maior inserção na estratégia global do governo de distribuir renda, criando empregos e
capacitando jovens carentes.
"Podemos ajudar nas portas de
saída do Bolsa Família."
Lançou ainda a idéia da venda pacotes turísticos populares,
com financiamento pago com
desconto em folha (o chamado
crédito consignado).
"Precisamos promover a
igualdade social. [...] Temos de
inserir o turismo na cesta de
consumo", afirmou ela.
Marta foi evasiva quando instada a dizer se poderia deixar o
ministério para disputar a eleição municipal. "Só digo que vou
me dedicar ao Ministério do
Turismo de corpo e alma."
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