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Agências da Presidência atendem ministérios
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência) vem utilizando uma brecha
legal para incluir publicidade
de ministérios no contrato com
as duas agências que cuidam da
imagem da Presidência.
A última modificação, publicada no "Diário Oficial" em 13
de abril, permitiu o gasto de
R$ 6,5 milhões do Ministério
do Esporte em propaganda para os Jogos Panamericanos, a
serem realizados entre 13 e 29
de julho, no Rio de Janeiro.
É uma espécie de carona que
os ministérios pegam na conta
da Presidência, por meio de sucessivos aditamentos no contrato que o governo firmou em
2003 com as agências Lew, Lara e Matisse. Esse contrato é
institucional e de utilidade pública e não se confunde com a
publicidade de outros órgãos
da administração direta ou estatais, como a Petrobras.
O contrato da Presidência
começou valendo R$ 150 milhões por ano, verba dividida
entre as duas agências, e hoje
está em R$ 187,5 milhões, após
um acréscimo de 25% feito no
ano passado.
Segundo o governo, a inclusão de propaganda de ministérios neste contrato é uma "descentralização de recursos". Em
outras palavras, o ministério
repassa o recurso para a Secom,
que paga a agência, sem alteração no valor global do contrato.
O governo diz que o artifício
já foi utilizado também para
propaganda sobre segurança
no trânsito, atendendo a pedido do Ministério das Cidades.
Como justificativa, a Secom
afirma que o contrato com as
duas agências permite que haja
"descentralização" em campanhas que sejam de utilidade pública. Uma vez que o Ministério
do Esporte considera que o Pan
é de utilidade pública, estaria
autorizado a pegar a carona no
contrato da Presidência.
Para o professor de direito
administrativo Adilson Dallari,
da PUC-SP, o governo está se
aproveitando de um "flanco"
aberto pela lei 8.666/ 93, que
trata de licitações públicas.
A Secom informa que cada
ministério tem a opção de fazer
sua própria licitação para contratar uma agência de publicidade. Porém, o Ministério do
Esporte preferiu a carona na
conta da Presidência.
A justificativa para isso, segundo a Secom, é a de que "as
ações publicitárias não constituem propaganda de ministérios, mas de assuntos de governo pertinentes à área de atuação de cada um". De acordo
com a Secom, "as ações são
sempre de utilidade pública".
O Ministério do Esporte informou que optou pela carona
na conta já existente, no lugar
de realizar uma nova licitação,
porque o Pan é uma "ação de
governo".
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