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Patrimônio de juiz aumenta em período no tribunal
Manoel Álvares, que ficou no TRF de 2003 a 2006, diz economizar R$ 350 mil por ano
Magistrado, que comprou um imóvel, por R$ 300 mil, em SP, e outro, por R$ 63 mil, no Guarujá, foi citado por doleiro do caso do mensalão
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre abril de 2003 e agosto
de 2006, período em que substituiu o desembargador Roberto Haddad no TRF-3 (Tribunal
Regional Federal da 3ª Região),
o juiz federal Manoel Álvares
adquiriu um segundo apartamento no prédio em que reside,
na capital, compra registrada
por R$ 300 mil. O magistrado
adquiriu também, durante a
substituição de Haddad, outro
apartamento no mesmo prédio
em que já possuía um imóvel,
no Guarujá (SP). Essa transação foi registrada por R$ 63 mil.
Álvares mora em um apartamento no bairro de Santana
(zona norte de São Paulo), de
220 m2 de área útil (184,3 m2 de
área comum). O prédio tem um
apartamento por andar, com
três vagas na garagem.
Como a Folha revelou ontem, Álvares teve seu nome citado em depoimento de um doleiro [Lúcio Bolonha Funaro,
cujo nome foi revelado ontem
pelo próprio juiz] beneficiado
pela delação premiada nas investigações do mensalão, em
2005. Funaro afirmou que fizera a intermediação de um pagamento ao juiz, em dólares, correspondente a R$ 300 mil, em
2004, por uma decisão sobre
matéria tributária. Álvares nega (ver texto nesta página).
"Paguei com cheque, o dinheiro saiu da minha conta, está tudo certinho, declarado no
Imposto de Renda, com origem
e tudo", diz Álvares. "Foi dinheiro que eu vinha guardando. Eu economizo por ano
R$ 350 mil. Levo uma vida regrada, nunca viajei para o exterior. Nem eu nem minha mulher. Quem ganha R$ 730 mil
por ano, declarados no Imposto de Renda, pode economizar
R$ 350 mil", diz o magistrado.
O primeiro apartamento de
Álvares, em Santana, foi adquirido em 1995. O segundo, em
julho de 2005. O primeiro imóvel do Guarujá foi comprado
em 1993. O segundo no litoral,
em julho de 2003.
Como juiz federal, Álvares
recebe R$ 14 mil mensais, líquidos. Mas é aposentado da
Justiça estadual, da qual recebe
mensalmente, segundo informou, mais R$ 26 mil mensais
líquidos (R$ 18 mil de proventos mais R$ 8 mil de indenização a que tem direito e sobre a
qual não paga imposto, diz).
Ele diz que seu primeiro
apartamento em Santana precisava de uma reforma, "porque já não tinha condições de
habitabilidade". Álvares diz pagar condomínio de R$ 1.000.
"Eu vinha guardando dinheiro exatamente para fazer a reforma. Sabia que ia ficar caro. O
piso estava ruim, 15 anos sem
nenhuma pintura", afirmou.
"Eu estou lá desde 1992, o
prédio não é tão novo assim,
não. Foi pintado por fora."
O juiz diz que pretendia se
mudar e alugar outro imóvel.
"Durante um ano e pouco guardei o dinheiro para a reforma.
Eu estava para mudar de prédio, aí apareceu uma oportunidade no meu prédio. Um rapaz
vendia um apartamento. Comprei, para fazer a reforma devagar, tranqüilamente. A reforma
já acabou. Já voltei e coloquei o
outro à venda de novo."
Ele diz que colocou à venda o
segundo apartamento do Guarujá, um imóvel pequeno, mas
ainda não o conseguiu vender.
Quanto ao de Santana, diz:
"Não vou ficar com dois apartamentos. Vendo, e o dinheiro
volta para a aplicação".
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