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Governador de Goiás é alvo da PF na Operação Navalha
Grampos mostram diálogos entre Alcides Rodrigues e Sérgio Sá, lobista da Gautama
Os governadores Teotônio
Vilela (AL) e Jackson Lago
(MA) e o ex-ministro Silas
Rondeau estarão entre os
denunciados por esquema
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O próximo alvo das investigações relacionadas à Operação
Navalha é o governador de
Goiás, Alcides Rodrigues (PP).
Conhecido como Cidinho,
conforme diálogos gravados
pela Polícia Federal aos quais a
Folha teve acesso com exclusividade, ele trocou ligações, jantou e cumpriu agenda na Esplanada dos Ministérios, com o lobista Sérgio Sá, representante
da Engevix e dos negócios do
empreiteiro Zuleido Veras,
acusado de montar um esquema de fraude a licitações em benefício da empresa Gautama.
Desde maio de 2007, quando
foi deflagrada a Operação Navalha, o Ministério Público Federal trabalha na denúncia, que
deve ser apresentada ao STJ
(Superior Tribunal de Justiça)
nos próximos dias e por meio
da qual deve acusar pelo menos
55 pessoas pela prática de vários crimes, como corrupção
ativa, passiva, fraude a licitações e formação de quadrilha.
Entre os denunciados estarão
os governadores Teotônio Vilela (AL) e Jackson Lago (MA), o
ex-governador João Alves Filho (SE) e o ex-ministro Silas
Rondeau (Minas e Energia).
As conversas às quais a Folha teve acesso e que estão sob
análise do Ministério Público
de Goiás revelam que o lobista
Sérgio Sá negociou com diretores da Celg, a companhia de
energia goiana, a aprovação de
aditivo de R$ 1,1 milhão sobre
um contrato de R$ 4,5 milhões
do Programa Luz Para Todos,
do governo federal -antes
mesmo de haver completado
12 meses de assinatura inicial,
tempo previsto para execução
da obra- e a autorização de
passagem de uma linha de
energia até Tocantins.
Documento obtido pela Folha revela que, em 22 de novembro de 2006, Rondeau recebeu Rodrigues e Sérgio Sá para tratar do programa. Na ocasião, o contrato já havia sido assinado. O despacho do ministro
é: "encaminhar projeto".
"Nosso senador"
As relações de Sá com Rodrigues iniciaram em 2006, como
relatou à Folha o ex-presidente da Celg André Costa na gestão do governador Marconi Perillo, hoje senador (PSDB). Nas
gravações, o lobista se refere ao
parlamentar como "nosso senador". Sá pede que o assessor
de Rondeau Ivo Costa dê satisfações a Perillo por ele ainda
não ter sido recebido pelo então ministro, conforme diálogo
de 15 de fevereiro de 2007.
Tais ligações tornaram-se
mais intensas na gestão de Rodrigues, segundo o lobista, que
diz que lhe fora oferecida, pelo
governador, a presidência da
Celg. Também em fevereiro de
2007, o lobista convocou políticos para um jantar, que ocorreu no dia 15 daquele mês. Participaram, além de Rodrigues,
o deputado Ronaldo Caiado
(DEM-GO), a senadora Kátia
Abreu (DEM-TO) e o diretor financeiro da Celg, Nerivaldo
Costa. O ajudante-de-ordens
do governador, em conversa
com o lobista gravada, confirma a presença do pepista.
Sá conseguiu de forma considerada rápida a concessão de
autorização de passagem, por
Goiás, da linha de transmissão
de energia. Em conversa gravada em 13 de fevereiro, Sá diz
que precisa do documento para
uma reunião no BNDES. O interlocutor diz que o estudo levaria cerca de três meses, mas,
a pedido dele, fora executado
em dois dias e meio. Sá chama
de "amiga" a ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil) e Rondeau de "nosso ministro".
Um ponto de interesse de
Zuleido é o alcooduto que vai
transportar combustível do
Centro-Oeste a Paulínia (SP).
O investimento é de US$ 1 bilhão, sustentado por Petrobras,
Camargo Corrêa e a japonesa
Mitsui. O início da construção
está previsto para 2009, mas,
segundo conversas gravadas
em março de 2007, o grupo criminoso já demonstra interesse
em entrar no negócio.
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