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Lula tenta conter tensão diplomática na região
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu ontem o papel de pacificador para impedir
que as tensões diplomáticas entre Colômbia, Venezuela e
Equador dificultassem a assinatura do tratado de constituição da Unasul (União de Nações Sul-Americanas). Durante
o discurso de abertura do encontro, em Brasília, Lula por
três vezes fez referências à crise
entre os países. Não citou nomes dos presidentes tampouco
das nações, mas pregou a paz.
"Os contenciosos atuais,
mesmo que revestidos de dramaticidade, são passageiros.
Não devem se sobrepor [à
união]", disse Lula. Ele afirmou
ainda que "a instabilidade que
alguns pretendem ver em nosso continente é sinal de vida,
especialmente vida política".
Para ele, "não há democracia
sem povo nas ruas".
Antes do encontro, Lula tentou apaziguar a crise. Foi ao hotel onde todos os presidentes se
hospedaram -exceto Álvaro
Uribe (Colômbia). Num café da
manhã com os presidentes do
Equador, Rafael Correa, e da
Venezuela, Hugo Chávez, Lula
pediu para que as divergências
não fossem a tônica da reunião.
Por unanimidade, os presidentes assinaram o acordo,
mas Lula não conseguiu minimizar as divergências. Rafael
Correa afirmou que não há
perspectivas de retomada das
relações diplomáticas com a
Colômbia, rompida desde março, quando o Exército colombiano atacou acampamento das
Farc em território equatoriano.
"É uma situação muito deplorável. É uma situação crítica, eu diria", disse Correa, que
acusa o governo colombiano de
fazer uma campanha midiática
contra o Equador. Segundo ele,
as relações só serão retomadas
quando forem suspensas as
acusações do país vizinho.
Uribe disse estar disposto a
dialogar sobre todos os temas.
Mas criticou Correa: "Essas
reuniões são importantes para
se dizer tudo e não para silenciar e, depois, falar à imprensa".
Após o encontro, Lula ainda
tentou amenizar as diferenças
pregando soberania dos países
da América do Sul:
"O fato de termos assinado
um tratado não vai obrigar nenhum país a abrir mão do estado nacional, de suas decisões
específicas, dos acordos bilaterais. Queremos construir política de consenso que permita
para fazermos aquilo que sozinhos não temos condições de
fazê-lo".
(FO)
Colaborou CLÁUDIO DANTAS SEQUEIRA ,
enviado especial a Brasília
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