|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Unasul deve agilizar integração dos países andinos ao Mercosul
Tratado assinado por 12 países da América do Sul confere personalidade jurídica internacional para o subcontinente
Em entrevista coletiva, Lula disse estar de "alma lavada" com a criação da Unasul; presidentes discutem a crise entre Equador e Colômbia
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
A Unasul (União das Nações
Sul-americanas) foi instituída
formalmente ontem, em Brasília, com a assinatura do Tratado Constitutivo. O documento,
assinado por 11 presidentes e
um vice-presidente, confere
personalidade jurídica internacional ao subcontinente.
Trocando em miúdos, a
América do Sul ganha status de
organização internacional, reconhecida na ONU (Organização das Nações Unidas) e capaz
de negociar com outros países,
blocos de países e instâncias
multilaterais. Exemplo desse
tipo de autoridade supraestatal
é a União Européia. Em tese, a
Unasul deverá auxiliar na convergência dos outros blocos já
existentes no continente, o
Mercosul e a Comunidade Andina, mas com estrutura independente e orçamento próprio.
Só que, enquanto o bloco europeu levou 50 anos para se
constituir, o sul-americano
queimou etapas e o fez em apenas quatro. O texto do tratado
foi negociado por 16 meses entre representantes de todos os
12 governos sul-americanos.
O desafio é tirar do papel tantas boas intenções. Além de estabelecer as regras de funcionamento burocrático da Unasul, o
tratado define metas para a integração em diferentes áreas:
cooperação econômica e comercial; cadeias de produção;
pesquisa e inovação; promoção
da diversidade cultural; intercâmbio de informação e de experiências em matéria de defesa; e segurança pública.
Em discurso, Lula disse que
"o tratado não é um fim em si
mesmo". Segundo ele, é preciso
avançar em projetos inovadores. "Queremos avançar rapidamente em áreas prioritárias,
como integração financeira e
energética, ferroviária e rodoviária, além da defesa", disse.
Atraso
Como anfitrião, Lula foi o
primeiro a discursar, seguido
pelo presidente boliviano, Evo
Morales, e pela chilena Michelle Bachelet. Eles ressaltaram o
ineditismo de estarem ali um
indígena, um sindicalista e uma
mulher, todos presidentes.
A cúpula foi realizada no
Centro de Convenções Ulisses
Guimarães. "Não poderia ser
mais propício um lugar batizado com o nome do pai da nossa
Constituição democrática",
disse Lula. O evento começou
com atraso de duas horas, por
causa da demora no café da manhã entre Lula e os presidentes
Rafael Correa (Equador) e Hugo Chávez (Venezuela). Com o
atraso, o presidente peruano,
Alán García, abandonou o local
logo após assinar o tratado.
A única ausência entre os
presidentes foi a do uruguaio
Tabaré Vázquez, que enviou o
vice Rodolfo Nin Novoa. Segundo a Folha apurou, Vázquez avisou que não iria com
três semanas de antecedência,
em parte por duvidar dos resultados concretos da reunião.
Após abertura da cúpula, os
presidentes se reuniram a portas fechadas para discutir a crise entre Equador e Colômbia.
Em entrevista coletiva, Lula
disse estar de "alma lavada"
com a criação da Unasul e a
comparou à União Européia.
(CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA)
Texto Anterior: Lula tenta conter tensão diplomática na região Próximo Texto: Congressistas atacam decisão do Itamaraty Índice
|