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Lula retoma agenda depois de acidente, mas evita o Sul
Petista, que veio a público três dias após tragédia em Congonhas, teve dúvidas de como agir
Presidente retoma viagens
ao país pelo Nordeste, onde
tem taxas mais altas de
popularidade; visitas a RS,
SC e PR foram canceladas
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de permanecer vários
dias recluso, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva deve retomar sua agenda com eventos
públicos. Para sua sorte, a programação inicialmente preparada para esta semana previa
visitas a capitais do Nordeste
-região onde o petista desfruta
da maior taxa de popularidade.
Quando ocorreu o acidente
da TAM no aeroporto de Congonhas, na terça-feira da semana passada, Lula preferiu apenas soltar uma nota de pesar pelas mortes. Seus adversários
políticos em São Paulo, José
Serra (governador) e Gilberto
Kassab (prefeito da capital paulista), foram até o local do acidente e deram entrevistas.
No dia seguinte, dada a reação adversa no Congresso e na
mídia, Lula chegou a cogitar
aparecer em público falando do
episódio. Recuou. Disse a assessores que tinha receio de politizar a tragédia se entrasse na
guerra de versões sobre as causas da queda do avião.
Prevaleceu então a estratégia
de só falar em público quando
fosse possível anunciar alguma
medida prática visando a melhorar a segurança das operações em Congonhas.
O presidente acabou fazendo
um pronunciamento em cadeia
nacional de rede de rádio e TV
na sexta-feira, quando anunciou a redução do número de
vôos no principal aeroporto do
país, entre outras decisões -todas sem eficácia comprovada.
Pesquisa Datafolha divulgada no domingo revela que 6%
dos paulistanos atribuem ao
governo federal e a Lula a responsabilidade sobre o acidente
da TAM; 43% dos entrevistados disseram que o desempenho do presidente na crise aérea é ruim ou péssimo.
Nesta semana, Lula passará
dois dias viajando para quatro
capitais nordestinas. Deve sair
de Brasília amanhã à noite. Estará em Aracaju (SE) e João
Pessoa (PB) na quinta-feira; e
em Natal (RN) e Teresina (PI)
na sexta. O presidente deve
anunciar obras de saneamento
incluídas no PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento).
Depois do acidente em Congonhas, Lula visitaria os Estados do Rio Grande do Sul, Santa
Catarina e Paraná, também para anunciar obras do PAC.
Cancelou a agenda -essa é a
região do país onde o petista
tem suas avaliações menos positivas. São também gaúchos
parte considerável dos mortos
na queda do avião da TAM.
Apesar de ter ficado fora dos
holofotes, Lula achou muito
ruim o fato de seus principais
assessores relacionados ao setor aéreo também terem se retraído logo depois da tragédia
em Congonhas.
A irritação maior ficou concentrada no ministro da Defesa, Waldir Pires, no presidente
da Infraero, brigadeiro José
Carlos Pereira, e no presidente
da Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil), Milton Zuanazi.
Na semana passada, o Planalto
deixou prosperar com vigor a
informação sobre uma iminente substituição de Waldir Pires.
Curiosamente, Lula reagiu
de maneira compreensiva com
o seu assessor especial Marco
Aurélio Garcia, flagrado na semana passada pela TV Globo ao
fazer um gesto obsceno -bater
uma mão espalmada na outra,
fechada, no movimento conhecido como "top, top, top".
A avaliação do presidente é
que esse fato tem importância
menor. O mais relevante é tentar demonstrar à população
que não há interesse do governo em manipular os dados sobre as apurações do acidente.
Até a próxima semana devem
estar disponíveis análises preliminares da caixa-preta do avião
da TAM. A ordem palaciana é
divulgar os dados rapidamente,
não importando quais sejam as
causas do acidente.
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