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São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2003

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DONA DA CASA

Marisa vira "primeira-assessora política"

Primeira-dama ganha espaço no Planalto e mapeia aliados de Lula

GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Todos os dias a primeira-dama Marisa Letícia da Silva, 53, divide o seu tempo entre dois afazeres: à supervisão das tarefas domésticas, acrescentou atribuições de "primeira-assessora política" de seu marido, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Marisa lê diariamente os principais jornais. Dá especial atenção às entrevistas de políticos. Esse é um dos recursos usados por ela para fazer uma espécie de "mapa pessoal" dos aliados de Lula.
Em julho, Marisa ganhou um gabinete a 50 metros da sala do presidente, no terceiro andar do Palácio do Planalto. Vai lá todos os dias, mas não tem horário certo. Sua agenda costuma seguir os horários de Lula.
Ouvidos pela Folha, deputados contaram que, durante audiências com o presidente no Planalto, surpreenderam-se com a entrada de Marisa na sala. Ela surge, normalmente, no início ou no final das reuniões.
Pessoas que privam da intimidade do Alvorada mostram-se impressionados com o crescente interesse de Marisa por temas administrativos -do comportamento das taxas de juros à tramitação das reformas.
Nas quatro ocasiões em que Lula reuniu os governadores, em Brasília, para tratar das reformas tributária e da Previdência, Marisa esteve presente. Na hora do almoço, cumprimentou um por um, sempre perguntando se a comida estava boa. Em momentos de tensão, esforçou-se para desanuviar o ambiente.
"Dona Marisa fala pouco, mas nas horas precisas", diz o deputado Sigmaringa Seixas (PT-RJ). "Ela se expressa mais por meio de atitudes do que de palavras", opina Aldo Rebelo (PC do B-SP), líder do governo na Câmara.
Nada, porém, faz Marisa descuidar da estética pessoal e da aparência do marido. Escolhe cada peça do guarda-roupa de Lula. Convidada para presidir a organização não-governamental "Ajuda Fome Zero", Marisa fez um pedido: "Só não me deixem muito tempo longe do Lula".
Antes de chegar ao Alvorada, Marisa era a típica dona de casa. Cuidava dos filhos e cozinhava. Mas sempre demonstrou interesse pelas atividades políticas do marido. Algo que, com o toque pessoal do publicitário Duda Mendonça, foi convertido em marketing do primeiro-casal.
Só que Marisa parece ter tomado gosto. Mesmo longe das situações em que as regras são ditadas pelo marketing, exerce, cada vez mais desenvolta, as "funções" de "primeira-assessora política" do presidente Lula.
Entre os ministros, o que mais agrada a primeira-dama é José Dirceu (Casa Civil).
As relações entre Dirceu e Lula sempre foram mais políticas do que pessoais. A partir das eleições, foi conquistando o respeito de Marisa. Ela o define como "escudeiro" do marido.
A assessoria de imprensa do Planalto define Marisa como uma "militante política histórica", que "continua sendo a mesma pessoa de sempre: uma companheira que participa e contribui".


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