São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O PRESIDENTE

Em reunião em Brasília, presidente diz que manterá rumos do governo com ou sem Palocci

Lula vai a empresários para defender política econômica

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em uma participação inesperada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou ontem a reunião do CNDI (Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial) para dar um recado ao setor empresarial: a política econômica será mantida com ou sem o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho.
A manifestação acontece dois dias depois de o ministro ter concedido uma entrevista coletiva para rebater denúncias de corrupção na época em que era prefeito de Ribeirão Preto, em sua segunda gestão (2001-2002). Seu ex-secretário Rogério Buratti havia o acusado de receber propina.
"O presidente passou um recado, claramente, de posicionamento da política econômica, que não é do ministro Palocci, é do governo. O presidente mostrou que não existe chance de enfraquecimento do ministro Palocci. E com Palocci ou sem Palocci, essa política vai ser mantida", relatou o empresário Jorge Gerdau após a reunião do conselho.
O CNDI foi criado no início deste ano para definir as diretrizes da política industrial e tecnológica do país. Fazem parte do conselho 13 ministros e 14 líderes empresariais e trabalhadores. O presidente Lula já participou da reunião do conselho em outras ocasiões, mas a intervenção de ontem não estava prevista na agenda do Palácio do Planalto.
"Claro que as pessoas são importantes e caras ao presidente, mas a política econômica é uma opção do governo, não de pessoas ou de ministros. É um compromisso que se sobrepõe às pessoas. O presidente é o principal fiador dessa política", afirmou o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro Neto.
Segundo relato dos empresários, Lula teria dito que não vai mudar os rumos da política econômica apesar da crise e de pressões de dentro de seu próprio partido, o PT.
Na conversa com os empresários, o presidente Lula não citou nominalmente o nome de Palocci, preferindo usar como exemplos o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Embora estivesse presente à reunião, o ministro Palocci não tocou no assunto da crise política ou das denúncias. De acordo com Monteiro Neto e Gerdau, Palocci teria tratado apenas de temas referentes à pauta do encontro do conselho.

Avaliação
Na avaliação do setor empresarial, o depoimento de Palocci no domingo foi "positivo, sereno, tranqüilo e elegante". "Evidentemente, se houver novos elementos, será feita uma nova avaliação", disse o presidente da CNI.
Durante a reunião do CNDI, os empresários não fizeram nenhuma demonstração de apoio a Antonio Palocci porque, segundo Armando Monteiro Neto, presidente da CNI, o "episódio" já está "superado".
"Porém o presidente Lula aproveitou para dar um recado de tranqüilidade, de posição firme e até inflexível do governo", acrescentou o presidente da CNI.
"A política econômica tem um sentido de permanência. O presidente disse que não vai fazer concessões nem tentativas de fazer médias com o setor", completou Monteiro Neto.


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