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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O PRESIDENTE
Em reunião em Brasília, presidente diz que manterá rumos do governo com ou sem Palocci
Lula vai a empresários para defender política econômica
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em uma participação inesperada, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva aproveitou ontem a reunião do CNDI (Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial) para dar um recado ao setor
empresarial: a política econômica
será mantida com ou sem o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho.
A manifestação acontece dois
dias depois de o ministro ter concedido uma entrevista coletiva
para rebater denúncias de corrupção na época em que era prefeito de Ribeirão Preto, em sua segunda gestão (2001-2002). Seu ex-secretário Rogério Buratti havia o
acusado de receber propina.
"O presidente passou um recado, claramente, de posicionamento da política econômica, que não
é do ministro Palocci, é do governo. O presidente mostrou que não
existe chance de enfraquecimento
do ministro Palocci. E com Palocci ou sem Palocci, essa política vai
ser mantida", relatou o empresário Jorge Gerdau após a reunião
do conselho.
O CNDI foi criado no início deste ano para definir as diretrizes da
política industrial e tecnológica
do país. Fazem parte do conselho
13 ministros e 14 líderes empresariais e trabalhadores. O presidente
Lula já participou da reunião do
conselho em outras ocasiões, mas
a intervenção de ontem não estava prevista na agenda do Palácio
do Planalto.
"Claro que as pessoas são importantes e caras ao presidente,
mas a política econômica é uma
opção do governo, não de pessoas
ou de ministros. É um compromisso que se sobrepõe às pessoas.
O presidente é o principal fiador
dessa política", afirmou o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando
Monteiro Neto.
Segundo relato dos empresários, Lula teria dito que não vai
mudar os rumos da política econômica apesar da crise e de pressões de dentro de seu próprio partido, o PT.
Na conversa com os empresários, o presidente Lula não citou
nominalmente o nome de Palocci, preferindo usar como exemplos o ministro Luiz Fernando
Furlan (Desenvolvimento) e o
presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles.
Embora estivesse presente à
reunião, o ministro Palocci não
tocou no assunto da crise política
ou das denúncias. De acordo com
Monteiro Neto e Gerdau, Palocci
teria tratado apenas de temas referentes à pauta do encontro do
conselho.
Avaliação
Na avaliação do setor empresarial, o depoimento de Palocci no
domingo foi "positivo, sereno,
tranqüilo e elegante". "Evidentemente, se houver novos elementos, será feita uma nova avaliação", disse o presidente da CNI.
Durante a reunião do CNDI, os
empresários não fizeram nenhuma demonstração de apoio a Antonio Palocci porque, segundo
Armando Monteiro Neto, presidente da CNI, o "episódio" já está
"superado".
"Porém o presidente Lula aproveitou para dar um recado de
tranqüilidade, de posição firme e
até inflexível do governo", acrescentou o presidente da CNI.
"A política econômica tem um
sentido de permanência. O presidente disse que não vai fazer concessões nem tentativas de fazer
médias com o setor", completou
Monteiro Neto.
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